terça-feira

A hecatombe do nosso tempo




O mundo parece ter-se convertido numa permanente hecatombe, tamanho o sacrifício monstruoso por que passamos frente ao televisor à hora das notícias. Ou à hora em que as notícias verdadeiramente nos trucidam, e sem direito de resposta ou possível retaliação. 

Alguns exemplos dessa monstruosidade que hoje esmagam os homens de bem que, aturdidos com o peso dos factos, ficam paralisados e revelam o crime da sua  impotência, nuns casos cobardia política e incompetência reiterada (ao abrigo do famoso Princípio de Peter):

- Ver Durão Barroso queixar-se do abate de aviões comerciais com civis lá dentro, e tendo sido ele presidente da CE que ratificou uma situação na Ucrânia sem a devida legitimidade popular (conduzindo à expulsão do presidente formal em exercício para a Rússia) - é de bradar aos céus, para não dizer criminoso;

- Notar a total ausência de decisão estratégica da União Europeia ante uma Rússia autocrática que se socorre do terrorismo de Estado para armar terroristas russos que procuram dividir fatias do território "soberano e independente" ucraniano (além de abater aviões comerciais e matar duma só vez cerca de 300 pessoas inocentes) - sem a correspondente responsabilização internacional - é uma vil impunidade e envergonha o Mundo ocidental e a civilização cultora dos valores da democracia liberal e dos direitos humanos;

- Ver Cavaco e Passos ratificarem a entrada do ditador e canibal da Guiné Equatorial na CPLP (que nem sequer fala o português) - apenas por causa dos recursos do petróleo e gás - é revelar no que estes dois representantes do Estado português se tornaram (reféns), envergonhando os 10 milhões de portugueses no continente, mais outros 200 milhões espalhados pela diáspora;

- A entrada do capital oriundo de dinheiro sujo da GE na estrutura do Banif - devia ser, por razões de interesse nacional, absolutamente impedido por lei. 

Mas os nossos deputados, que alegadamente fazem as leis no Parlamento, devem estar de acordo com as práticas daquele ditador, por isso conformam o sistema legal às práticas criminosas de um dos piores ditadores de África ainda no poder.

Afinal, o que vale hoje a democracia representativa e o rule of law num mundo de ditaduras corruptas, em que o peso do dinheiro e dos recursos naturais considerados estratégicos porque permitem funcionalizar as economias e sociedades ocidentais, vão ditando as suas posições e impondo as suas condições no actual sistema internacional? 

Os valores universais do Ocidente estão a ceder o passo aos interesses mais obscuros e criminosos. Tudo isto é realizado em nome do vil metal, contra o qual parece inexistir freio ou contrapeso que alivie as nossas consciências das maiores barbaridades cometidas diante dos nossos olhos. Branquear estes crimes é, ou deveria ser qualificado de crime contra a Humanidade. 

E o mais estranho é que todo este processo de contaminação criminosa das instituições (lusófonas) se desenrola como se se tratasse dum processo de democratização pacífico duma sociedade que é estruturalmente vil e corrupta para uma sociedade de bem-estar, regulada pela democracia pluralista e o estado de direito, conceitos verdadeiramente desconhecidos em África.

Afinal, se a CPLP precisava tanto de dinheiro sujo oriundo do "ouro negro" para financiar projectos socioculturais, por que razão não recorreu aos bons ofícios de Angola para atingir esses objectivos comunitários (ou societários)?!

Afinal, Angola já está integrada no sistema e conhece bem todos os esquemas. 

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