domingo

Tornado em Paredes pode ser o 1º grande teste à Protecção Civil Nacional no combate às catástrofes naturais de pequena dimensão





Tornado em Paredes: «Vivemos momentos aterradores» link


Esta imagem do cemitério, em que se veem campas destruídas, espelha algo de macabro nos efeitos gerados pelo tornado que incidiu em Paredes. Ventos fortes nas freguesias daquela cidade da área metropolitana do Porto, causaram graves prejuízos em duas fábricas, uma têxtil e outra de móveis, danificaram igrejas e cemitérios, e colocaram em causa dezenas de postos de trabalho, além dos prejuízos materiais de particulares que ainda não foi possível determinar com rigor. 

Estranho neste evento extremo foi não terem sido provocadas baixas humanas, como é corrente neste tipo de catástrofe natural. 

Contudo, este tipo de evento natural vem desafiar as autoridade públicas (protecção civil, bombeiros, tutela/Administração Interna), a comunidade científica com interesses na área e os cidadãos em geral, na medida em que se trata da segurança de todos (bens e pessoas), a reflectir acerca do tipo de dispositivo de prevenção e de reacção existente no país (e em articulação com os comandos regionais) de modo a garantir uma preparação, acompanhamento e resposta mais eficiente aos efeitos das catástrofes naturais entre nós. 

Ou seja, importa saber se os alertas sobre a eventualidade ou proximidade de tufões, tornados (ou outros eventos extremos), funcionam correctamente em Portugal, e que tipo de ajuda pública têm e como são coordenados esses dispositivos de emergência. 

Como em todos os países, haverá seguramente zonas do território nacional mais críticas, ou expostas a este tipo de evento natural, e aqui importa saber se já houve algum mapeamento do risco de catástrofes naturais em Portugal a fim de identificar zonas amarelas que sirvam de alerta às populações em risco para, ao primeiro sinal de emergência, serem evacuadas em tempo útil. 

Por outro lado, importa saber se a possibilidade de ocorrência de mais eventos extremos num futuro próximo, cujo clima se adivinha mais quente por força das alterações climáticas resultantes do excesso de industrialização e da emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera geradores do tal aquecimento global, é potencialmente lesivo para os países situados no Sul da Europa. E em caso afirmativo, que instituições, mecanismos e procedimentos adoptar para reagir eficiente e eficazmente a esse circunstancialismo emergencial. 

Sem querer fazer um paralelo com o anel de fogo tropical em que se situa as Filipinas, país recorrentemente atingido por fenómenos naturais (o último dos quais foi o tufão Haiyan), facto que impede o seu normal desenvolvimento, talvez fosse útil trocar experiências com esses países-limite, porque já compreendemos que mesmo que um país esteja preparado tecnicamente para reagir aos eventos naturais, nunca se consegue antecipar a sua força, intensidade e duração, pelo que, em rigor, nunca nenhum país consegue enfrentar um desastre natural na medida em que a sua força natural e os seus efeitos estão para além das capacidades humanas. 

Nesta assimetria de forças entre o Homem e a Natureza, talvez seja prudente interiorizar a ideia de instabilidade permanente induzida pela introdução das leis do Homem nas leis do Ambiente através da técnica, geradora das indústrias poluentes que, ao longo das décadas, foram alterando a paisagem ambiental do planeta, e que tem sido fortemente responsável, segundo a melhor doutrina da comunidade científica que estuda este tipo de interacções, por boa parte da eclosão das catástrofes naturais que têm ocorrido no mundo, sobretudo no sudeste asiático. 

Ora, é esta atenção permanente aos indícios de riscos emergentes perturbadores da ordem e segurança de pessoas e bens, e instabilizadora do entendimento tradicional de que os acordos ambientais são para se cumprir (ainda que as superpotências, como os EUA, não os respeitem) no sistema internacional, regra geral mediados pela ONU, que deverá preocupar-nos e levar-nos a consolidar a noção permanentemente dinâmica de due diligence entre Estados (e demais actores que operam neste ambiente de risco sistémico) a fim de colocar todos os meios - humanos, científicos e tecnológicos - aos serviço da Comunidade internacional (mormente, junto dos países mais afectados pelas catástrofes naturais) para minorar os impactos negativos dessas brutalidades imprevisíveis da Natureza que, regra geral, deixam os homens sempre tão impotentes quanto estupefactos. 

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