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"Cavaco é refém do Governo" - entrevista a Basílio Horta -

"Cavaco é refém do Governo"
Fotografia © Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens
Basílio Horta, fundador do CDS e atual autarca de Sintra pelo PS, critica o discurso do Presidente Cavaco Silva: "Vi um Presidente da República completamente enfeudado ao Governo. O discurso dele é de Governo, ele é tributário e refém do Governo. E um Presidente da República refém, seja do que for, nunca é bom. Nomeadamente, num momento tão grave para Portugal."
Para o político, o discurso presidencial de Ano Novo ignora os temas importantes da crise em que vive o país: "Tudo o que importa a Portugal e aos portugueses não foi dito." As suas críticas também vão contra os partidos políticos: "Desatualizaram-se!"
No caso do CDS, é direto: "É um partido unipessoal de Paulo Portas." E alerta para o facto de haver "democratas cristãos em busca de um partido" por não poderem estar no Partido Popular: "Um verdadeiro democrata cristão não pode estar no PP".
Quanto à Câmara de Sintra, garante que não foi difícil encontrar as gorduras para fazer a reforma que o Governo não foi capaz de realizar. "Despediu" a agência Moody's e cortou nas avenças e assessorias
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Obs: Há 3 meses na autarquia de Sintra - Basílio Horta já fez mais em 90 dias do que o "seara da Bola" em 8 anos. É com clarividência que este fundador do CDS vê o posicionamento de Cavaco "presidente-primeiro-ministro" - na actual correlação de forças politico-partidárias em Portugal. Não podemos esquecer que se esta coisa moribunda que alguns designam governo ainda se encontra em S.Bento foi porque Cavaco estendeu o tubo de oxigénio a Passos Coelho evitando, assim, que o XIX Governo (in)Constitucional caísse na rua no Verão passado, na sequência da demissão de V.gaspar e de paulo Portas, demissões que custaram milhões de euros ao erário público por força do aumento do risco da economia nacional e da consequente subida dos juros da nossa dívida ao exterior. 

Basílio Horta dá aqui a receita simples ao Estado - se este quisesse verdadeiramente reformar-se, mas o objectivo de Pedro & Paulo S.A. - afigura-se outro: continuar a governar para as grandes empresas (e escritórios de advogados), isentando-as da pesada fiscalidade e, ao mesmo tempo, perseguir obsessivamente os elos mais fracos da cadeia social: os funcionários públicos e os pensionistas, duas categorias sociais que operam no imaginário do primeiro ministro como o bode expiatório da verdadeira incapacidade de governar Portugal. 

O problema do bloqueio estratégico em Portugal não é já só de natureza política, é da ordem do patológico que, porventura, só terá tratamento no divã do psicanalista. Seja como for, urge que não sejam os portugueses a pagar mais essa factura clínica d´alguém que, verdadeiramente, nunca esteve preparado para governar, nem sequer conhece os dossiers que encerram os problemas da economia nacional. 

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