Governar à moda do talhante é incorrer num governo out-of law
Imagem picada no rizoma
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Governar em Portugal assemelha-se cada vez mais à tarefa do talhante, que corta o pedaço de carne consoante o pedido, os recursos e a necessidade do cliente. O incumbente desse corte é Luís Marques Guedes que, do alto da Presidência do Conselho de Ministros, avança com os cortes necessários para compensar o chumbo do TC à convergência das pensões. Um corte que deverá ter como referência os funcionários públicos que aufiram 1000 € para passarem a contribuir mais para a dita solidariedade social, que é um descarado imposto dirigido a uma classe socioprofissional específica, o que contraria as normas da CRP.
O que é curioso aqui são os eufemismos escolhidos pelo Governo para esconder o óbvio: ao imposto ilegal e arbitrário o governo designa de contribuição extraordinária de solidariedade (CES). Segue o esquema da novilíngua mediante a criação de novos conceitos (CES) - a fim de remover da opinião pública a ideia do imposto criado.
Assim, o Governo pretende condicionar a forma de pensar da população e limitar o seu pensamento acerca dos problemas da polis, uma vez que para o Governo o que existe é uma contribuição social, e não um imposto. Esta denegação dos factos, tal como eles são, esta violentação da verdade, tal qual se afigura pela força dos factos, espelha a forma como o Governo, ou membros seus representantes com especiais responsabilidades de comunicação pública, pretendem reestruturar a linguagem e, por essa via, controlar o pensamento das pessoas. Impedindo que estas tenham ideias próprias e pensem pela sua cabeça, e não formem as suas opiniões através dos filtros manipuladores instrumentalizados pela propaganda do Governo.
O incumbente dessa tarefa na Gomes Teixeira deseja, assim, que os portugueses restringam os seus raciocínios e aceitem pacíficamente os impostos ilegítimos e inconstitucionais que, doravante, lhes são impostos.
Tal como no talho, o governo manda fazer simulações para determinar quantos "gringos" precisa de apanhar na rede imposteira em obediência cega à troika, na sequência do referido chumbo do TC à convergência das pensões.
Os cortes seguem agora outras derivas, como a ADSE - cujo subsistema de saúde da Administração Pública também será objecto de cortes do talhante-Estado a fim de obedecer aos ditames da troika.
No fundo, a novidade aqui consiste na aplicação do mecanismo do duplipensar gerador de mecanismos de duplicidade de pensamentos na sociedade de modo a procurar convencer as pessoas de que devem tomar por certo aquilo que é profundamente errado, ilegal e ilegítimo.
Típica dos regimes ditatoriais, este duplipensar da novilíngua conceptualizado e desmontado por George Orwell integra, doravante, a práxis política do XIX Governo (in)Constitucional.
Enfim, regressamos de novo ao TC neste jogo do gato e do rato em que a incompetência do governo tem conduzido as pseudo-leis deste país.
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