quarta-feira

Cavaco, a ética e as políticas sacrificiais. Mea culpa


A fundamentação de Cavaco acerca do envio da medida orçamental sobre a convergência das pensões para fiscalização preventiva no Tribunal Constitucional, remete para os sacrifícios que os idosos, nesta fase da vida, já sem capacidade adaptativa, têm de suportar. Daí Cavaco ter utilizado a expressão sacrifícios que, aliás, já não são de agora...

Seja como for, Cavaco acordou da letargia de Belém e resolveu reconhecer que acumular [mais] esse demónio consigo seria sacrificar a sua própria saúde em benefício da protecção de um governo incompetente e desnorteado. O povo português, que ele jurou defender através da Constituição da República Portuguesa, não lhe perdoará tantos pecados politico-constitucionais ao abrigo dos quais foi permitindo, irresponsavelmente, que o XIX Governo fosse violando a Carta fundamental do país que Cavaco jurou defender. 
Artigo 127.º
Posse e juramento
 1. O Presidente eleito toma posse perante a Assembleia da República.
2. A posse efectua-se no último dia do mandato do Presidente cessante ou, no caso de eleição por vagatura, no oitavo dia subsequente ao dia da publicação dos resultados eleitorais.
3. No acto de posse o Presidente da República eleito prestará a seguinte declaração de compromisso:
Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.

Contudo, Cavaco também já terá compreendido, ou alguém lhe terá explicado que, nesta fase da vida política do país e do seu mandato em particular, já com muitos erros cometidos, que a saúde política do PR será sacrificada por causa do seu passado (e não nos reportamos apenas à sua ligação à SLN/BPN!!!). O que poderá acontecer é que, doravante, o sacrifício público de Cavaco será objecto de um maior controlo, gerando menos efeitos colaterais e como uma inovação epistemológica que as universidades que administram as ciência sociais e humanas tenderão a criar no seu corpus. 

Este curioso precedente semântico de Cavaco (tão preocupado com os "sacrifícios" dos idosos), poderá traduzir-se na criação da disciplina de Ética e Filosofia Sacrificial em Conjunturas Recessivas.

Uma proposta académica que ganhará vencimento na Palma de Cima, especialmente se a essa festa sacrificial se juntar o seu ex-assessor e co-editor, César das Neves - que também poderá propor a criação de uma outra disciplina: A Criminalização dos Pobres por Fingimento.

Seguramente, questões éticas da "maior relevância" neste 1º quartel do séc. XXI. Pena é que para chegarmos até aqui tenham feito dos portugueses, e durante tanto tempo, uns verdadeiros camelos. 


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