Evocação de Vilfredo Pareto e a regra 80/20. Desigualdade de poder e rendimento
Uma outra forma de confirmar que o mundo está mais assimétrico é analisar a estratificação da sociedade mundial, observando as regras do princípio de Pareto, conhecida pela regra 80/20. Inspirada numa observação feita pelo economista e sociólogo franco-italiano, que o aplicou à distribuição desigual de rendimentos em Itália - e que mais tarde ficou conhecido por princípio de Pareto.
Este princípio determina que na maioria dos fenómenos, aproximadamente 20% das causas são responsáveis por 80% das consequências. Ora, esta fórmula aplicada à distribuição de rendimentos, significará que 20% da população ficaria com 80% de todos os rendimentos.
Com efeito, Pareto parece ter subestimado a realidade, no que se refere à distribuição global da riqueza, mas não andou longe, pois num estudo de 2006 realizado pelo Instituto Mundial para o Desenvolvimento de Pesquisa Económica, da ONU, concluiu-se que 10% dos adultos que se encontram nos escalões superiores em todo o globo possuem 85% da riqueza global, enquanto que a metade inferior da população mundial não chega a ter 1% do total.
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Naturalmente, estas comparações suscitam algumas dificuldades, embora se verifique um padrão. Pois no seio da maioria das elites há níveis mais elevados onde se inscrevem outras elites; e no interior de muitas dessas concentrações de riqueza ou de poder há aqueles que representam uma concentração ainda maior. Ou seja, quando se busca compreender as elites que comandam o processo de poder ou de concentração de riqueza é útil olhar para a elite dentro da elite, pois em qualquer aplicação da regra 80/20, por vezes a realidade pode surpreender aquele princípio de Pareto.
Tal significa, na prática, que ao concluirmos pela regra dos 80/20 no âmbito da distribuição desigual de poder, constatamos, com frequência, que numa aplicação mais alargada da regra de Pareto (80/20) há uma regra de 90/10, ou mesmo, por vezes, de 99/1, que ainda pode estar à espera de ser infirmada.
Se quisermos aplicar esta regra às condições gerais em que o povo português vive, sob o conhecido terrorismo fiscal e confiscatória protagonizado pelo XIX Governo (in)Constitucional, acompanhado de esbulhos sucessivos aos salários e pensões de reforma associado à literal destruição do Estado social, é sem dificuldade que se afere na sociedade portuguesa um galopante empobrecimento, consequência de desastrosas políticas públicas que não atraem Investimento Directo Estrangeiro e completo descontrolo sobre o desemprego massivo em Portugal.
O que é preocupante entre nós é a visibilidade deste padrão de empobrecimento nas nossas comunidades. Com a agravante de casos assustadores, de poder, ou de influência, que são escandalosamente desproporcionados. Um facto gerador de profundas injustiças sociais e económicas na sociedade portuguesa, em que tudo é, hoje, precário, inseguro e errático.
Talvez estejamos a viver o pior momento do pós-1974. Pois nesse tempo Portugal saiu duma ditadura para entrar numa democracia, animada pelos "amanhãs que cantam"; hoje, canta-se a Grândola, Vila Morena para destituir ministros corruptos e sem ética que, durante algum tempo, corporizaram aquele poder desproporcionado entre nós.
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