sexta-feira

Sondagens: PSD resiste à crise e mantém-se colado ao PS


SONDAGEM DN/JN/RTP/ANTENA 1

PSD resiste à crise e mantém-se colado ao PS

por Miguel Marujo
PSD resiste à crise e mantém-se colado ao PS

Nas intenções de voto, socialistas e sociais-democratas sobem 4%, mantendo a diferença da sondagem anterior (3%). Os outros partidos descem, com o CDS a ficar nos 3%. Paulo Portas penalizado na sua popularidade.

A crise recente da maioria governamental não afetou diretamente o PSD, principal partido da coligação, a avaliar pela sondagem do CESOP/Universidade Católica para o DN/JN/RTP/Antena 1, cujo trabalho de campo decorreu já depois das tomadas de posse de ministros e secretários de Estado, após a remodelação do Governo apresentada por Passos Coelho ao Presidente da República.
O CDS volta a descer, agora para 3% e - mesmo que as sondagens subestimem a votação no partido de Paulo Portas -, o indicador de popularidade também dá conta de um enorme trambolhão do presidente do CDS (tem agora 31% de avaliações positivas, menos que os 34% de Passos Coelho, que era o político menos popular, e muito abaixo dos seus 43% do anterior estudo).
Os sociais-democratas voltam a subir na intenção de voto (depois da distribuição de votos indecisos), face à sondagem anterior de 15 de março, de 28 para 32%, mantendo a distância para os socialistas, que também sobem 4% - para 35%. Esta diferença não é estatisticamente significativa.
De novo em queda estão os três partidos nos extremos: CDU (PCP/PEV), BE e CDS, com o parceiro minoritário da coligação governamental, que viu reforçado o seu peso no Executivo de Passos Coelho, a bater no fundo, com 3% (menos 2% em relação ao estudo de março). A coligação de comunistas e ecologistas desce para 11% (-1% face a março) e os bloquistas quedam-se pelos 7% (também menos 1%).
A percentagem de votos brancos e nulos continua em níveis muito elevados para o que era habitual nos estudos realizados até setembro de 2012: estavam na casa dos 4% a 5%, agora estão nos 9% (ainda assim uma queda face aos 11% de março passado).
Ficha técnica:
Esta sondagem foi realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa (CESOP) para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias nos dias 27, 28 e 29 de julho de 2013. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram selecionadas aleatoriamente dezanove freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões NUT II e por freguesias com mais e menos de 3200 recenseados. A seleção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até os resultados eleitorais das eleições legislativas de 2009 e 2011 nesse conjunto de freguesias, ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma, estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 1096 inquéritos válidos, sendo que 58% dos inquiridos eram do sexo feminino, 23% da região Norte, 17% do Centro, 47% de Lisboa, 7% do Alentejo e 6% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição de eleitores residentes no Continente por sexo, escalões etários, região e habitat na base dos dados do recenseamento eleitoral e do Censos 2011. A taxa de resposta foi de 55%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1096 inquiridos é de 3%, com um nível de confiança de 95%.
* A taxa de resposta é estimada dividindo o número de inquéritos realizados pela soma das seguintes situações: inquéritos realizados; inquéritos incompletos; não contactos (casos em que é confirmada a existência de um inquirido elegível mas com o qual não foi possível realizar a entrevista); e recusas.



Obs: Esta sondagem, que ocorre com o PM não oficial (Portas) a dirigir o país, com o PM oficial na Manta Rota, oferece-me alguns comentários. A saber:
1. Uma sondagem é sempre uma fotografia, um retrato instantâneo do momento, nunca o desenho detalhado das motivações das pessoas, só registado em urna;
2. Pelo lado dos inquiridos, há sempre pessoas que mentem, seja por via da omissão de informação, por dizerem o contrário daquilo que pensam ou porque entendem, no momento das respostas, afinar pelo diapasão do "politicamente correcto", ou ainda por outras razões de índole subjectiva;
3. É problemático entender que relativamente a um Governo que, objectivamente, faz tudo (repito, TUDO) mal consegue manter aqueles níveis de intenção de voto. O excesso de impostos que tem asfixiado as pessoas e as empresas, as políticas públicas erradas, as nomeações de gente que nos EUA já estaria na cadeia, entre outras razões conhecidas da opinião pública, permitem concluir, com elevado grau de segurança, que o PSD não poderá ter aquela percentagem ou intencionalidade de votos;
4. O PS não descola e tal pode resultar da débil liderança de Seguro, entalado que está entre a troika, Belém e a coligação centro-direita. Era previsível que assim fosse, pois nem o Tó Zé é um homem de rasgos criativos, nem o sistema político é assim tão flexível e plástico de molde a permitir uma fuga isolada do PS na actual recessão em que todos vivemos. Uma recessão acompanhada de fragmentação socioeleitoral;
5. O CDS baixa, e aqui está uma verdade absoluta. Um facto que, provavelmente, encontraria plena confirmação sociológica caso as eleições legislativas se realizassem agora. A ironia do destino reside neste paradoxo: o líder do partido institucional do regime com menor intencionalidade de voto é precisamente aquele cujo líder é o PM não oficial de Portugal. Aliás, P. Portas sempre desejou ardentemente ser PM, pois já conseguiu realizar o seu sonho apenas com 3% dos votos, o que configura um milagre, já que conseguiu ser tudo isso após ter-se demitido. Não o milagre de Fátima, mas o milagre do Largo do Caldas exercitado em S. Bento. Facto que só vem reforçar a fé do ex-Director do Indy que exterminou o cavaquismo na transição dos 80´s para a década seguinte. Foi agora reconduzido por Cavaco;
6. À esquerda, o PCP aguenta-se nos 11% e o BE nos 7%, segundo a sondagem. Curioso aqui é o BE não subir mais, dado que, objectivamente, a sua oposição dentro e fora do Parlamento, tem sido mais eficaz - em termos de comunicação - do que aquela que é desenvolvida pelo PCP. Contudo, talvez este desnível nos partidos "irmãos-inimigos" à esquerda se fique a dever à saída do líder carismático do BE, Francisco Louçã.

Como nota final, e com o devido respeito pelos fazedores de sondagens, que assim também ganham a vida muito legitimamente, devo dizer que, como ao nível das percepções do Governo, existem dois mundos contrapostos entre si: o mundo das respostas formais e o mundo das verdadeiras intenções de voto pelos eleitorados que, em rigor, só se conhecem em urna e após votos contados. 

Contudo, há vantagens nestes exercícios, e uma delas consiste em compreendermos melhor a distância que vai da nossa máscara aquilo que verdadeiramente pensamos e sentimos num determinado momento. 

E não é pela circunstância de já não vivermos em ditadura, mas em democracia, que deixamos de ter aquele MEDO (hobesiano) que, em rigor, acaba por nos tolher os juízos e, por vezes, obriga-nos a vestir a roupa da cobardia com base na qual expendemos opiniões estranhas à nossa efectiva forma de pensar, sentir e agir.

A ajuizar como válidos alguns resultados desta sondagem, Portugal soçobrou no seguinte paradoxo político: tem como PM não oficial alguém que nunca ganhou umas eleições legislativas desde 1974, e com apenas 3% das intenções de voto assume o comando de primeiro ministro de Portugal.

Não será isto admirável!?


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