Imprensa estrangeira: uma crise portuguesa “sem fim à vista” -
Nota prévia: Começa a sair muito caro à economia nacional as demissões de Gaspar e Portas - perante os mercados financeiros que regulam os valor das taxas de juros da dívida nacional. A semana perdida dada por Belém, ainda que bem intencionada, teve, previsivelmente, efeitos perversos e, amanhã, seguramente, voltamos a perder mais uns milhões em Bolsa.
- Como diria Julius César (100-44 a.C.) - "Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar".
Imprensa estrangeira: uma crise portuguesa “sem fim à vista”
Fracasso nas negociações entre PS, PSD e CDS é tema na imprensa internacional. O que vai fazer Cavaco e como vão reagir os mercados são duas incógnitas a desvendar até segunda-feira.
O falhanço nas negociações para um “compromisso de salvação nacional” com três partidos, como tinha sido pedido pelo Presidente da República, deixa Portugal numa crise “sem fim à vista” (Euronews).
Embrulhado num “drama político” (CNBC), o país “tem até domingo para se salvar”, depois de o Governo ter ultrapassado no Parlamento mais uma moção de censura – a quinta –, mas sem conseguir um entendimento com o maior partido da oposição.
“É improvável que se consiga negociar medidas de austeridade que satisfaçam ao mesmo tempo o Governo, a oposição e a troika [Comissão Europeia, FMI eBCE]. Este processo dificilmente estará terminado domingo”, disse uma analista da Capital Economist, Jennifer McKeown, à mesma cadeia norte-americana CNBC, especializada em assuntos económicos. Uma previsão feita antes de António José Seguro ter anunciado, pelo PS, que não havia acordo, e que portanto acertou em cheio no que os partidos não conseguiram fazer.
Resta saber se o que o Presidente da República tem para dizer, no domingo, às 20h30, numa comunicação ao país agendada neste sábado, terá o efeito de desembrulhar o novelo político.
A 10 de Julho, quando propôs negociações para um “compromisso de salvação nacional”, Cavaco Silva disse que sem acordo, outras soluções seriam naturalmente encontradas no quadro da Constituição. É isto que invoca a agência Bloomberg, também especializada em economia e finanças, num artigo escrito a partir de Lisboa sobre o desfecho anunciado na sexta-feira à noite.
Uma vez que o falhanço foi anunciado já depois do fecho dos mercados na Europa, não se sabe ainda como vão estes reagir ao fracasso. E a correspondente da BBC em Lisboa, Alison Roberts, diz num texto online que “há receios de que os mercados dêem um tombo na segunda-feira”, quando reabrirem.
O jornal francês Libération recorda que a actual crise política dura há três semanas, depois da demissão de dois membros importantes do Governo, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e o ministro dos Negócios Estrangeiros,Paulo Portas. “Estas divisões desestabilizaram a coligação no poder e causaram medo na Europa de que Portugal venha a falhar o seu programa de recuperação, num caminho semelhante ao da Grécia”, acrescenta o diário francês.
O Le Monde, por seu lado, cita os factos principais a partir de despachos de agência e, depois de resumir os últimos desenvolvimentos, conclui o texto com uma afirmação do líder socialista António José Seguro: “O que vai acontecer a seguir? Isso cabe ao Presidente decidir”.
É aliás essa a ideia que o Le Parisien puxa para título: “Portugal espera que o Presidente ponha fim ao impasse político”. Depois, enumera os diferentes cenários possíveis.
Na Alemanha, o Frankfurter Allgemeine, publicado na cidade que serve de sede a um dos membros da troika (o BCE), o anúncio de Seguro merece três parágrafos na edição online, maioritariamente baseados em despacho da Reuters.
O jornal dá destaque à declaração em que Seguro frisa haver duas visões sobre como pôr fim à crise e que, por isso, não fazia sentido continuar com as negociações. No fim recorda que Portugal tem medidas duras para pôr em prática, como contrapartida de um empréstimo internacional de 78 mil milhões de euros disponibilizado pela troika.
Notícia corrigida às 11h28 de 21/07: no sexto parágrafo, a citação da correspondente da BBC, num texto escrito em Londres, estava incorrecta; a jornalista diz que se receia um tombo nos mercados, e não o contrário, como estava escrito
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