segunda-feira

Competição na busca pelo mercado-global-da-atenção

Uma análise superficial às circunstâncias que nos rodeiam levam-nos a constatar um conjunto de evidências que aqui sumariamente damos conta, na esperança de (re)definir melhor o conceito de competição que hoje enquadra a forma como se desenvolvem as dinâmicas nas sociedades contemporâneas.
Temos, assim, uma diversidade de actores a reclamar atenção, desde logo os actores políticos - que estão vocacionados para liderar os seus países, embora procurem na sociedade internacional e até na esfera da globalidade - os espaços de atenção para projectarem os seus interesses.
Existem actores políticos de todas as formas: de tipo radical, de tipo reformista. Uns querem mudanças bruscas, outros pretendem evoluções graduais, por via reformista. Existem líderes, partidos políticos, movimentos sociais, empresas de negócios, empresas do 3º Sector (que não visam o lucro, como diria Peter Drucker), grupos de interesse, lobis, sindicatos, grupos terroristas, e, naturalmente, os indivíduos que - isoladamente ou em grupo - também reclamam por qualquer objectivo na sociedade.
O que todos estes actores têm em comum é que todos eles, duma forma ou doutra, pretendem algo das notícias, dos media (sejam os tradicionais, sejam os new media) em ordem a ajudá-los a atingir os seus objectivos (nas esferas micro, meso e macro).
Todos eles, consoante a sua dimensão, finalidade e especificidade procuram a cobertura para as suas actividades (e hoje, sublinhe-se, o Facebook tornou-se um veículo de excelência para a promoção desses interesses, como se constata pelo estudo apresentado pela universidade de Illinois, EUA, postado infra). Pode tratar-se duma campanha de angariação de recursos financeiros, visibilidade mediática e projecção de imagem institucional, gerar uma onda de simpatia e afectividade, inscrever determinados items no agenda-setting de um daqueles actores, ou ainda criar uma pressão sobre os actores políticos em ordem a que determinadas medidas sejam implementadas na sociedade em prol do grupo A, B ou C.
De notar, a título de exemplo, que uma campanha de atenção com o objectivo de gerar uma onda de simpatia, pode visar, ao mesmo tempo, angariar dinheiro para uma determinada acção, engrossando também o número de adesões a essa empresa/causa/missão.
Estas novas dinâmicas sociais podem ajudar a explicar certas atitudes nos media sociais, sejam elas promovidos por actores individuais ou por actores políticos, organicamente estruturados. Pré-conclusão que nos antecipa, desde já, uma pequena constatação: nada ocorre por acaso nas redes sociais, pois cada acção, atitude e comportamento, mais ou menos pensado, visa capturar o tal capital-atenção que, consoante os actores, assumem diversas finalidades.
O problema que hoje se coloca à captura deste mercado emergente da atenção, é o de saber como contornar o facto de hoje todos aqueles players estarem em franca competição entre si para reclamarem um quinhão desse mercado-global-de-atenção, necessário à consecução dos objectivos de cada um daqueles actores individualmente.
Naturalmente, esta constatação torna-se mais premente quanto mais frágil é o actor que - estando a disputar esse mercado global da atenção - se encontre na arena sem qualquer enquadramento político ou institucional. Sobretudo se considerarmos que o poder político se pode traduzir em poder sobre as notícias e os meios que as veiculam.
Em rigor, é esta simbiose competitiva, que faz com que todos ganhem e percam com todos neste jogo e luta pela conquista da obtenção de ganhos nesse mercado global da atenção que nos deve fazer reflectir que tipo de políticos, organizações, empresas e, no limite, que cidadãos estamos a construir neste 1º quartel do III milénio.
Se conseguirmos responder a esta questão, mesmo utilizando uma imagem algo heterodoxa que nos permite múltiplas leituras, creio estarmos em condições de poder compreender o que cada um daqueles actores pretende dos outros na actual sociedade globalizada.

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