quarta-feira

O estilo de vida de Silvio Berlusconi: luxúria, embriaguez e excitação

Rico, influente e poderoso, Silvio Berlusconi faz o quer numa Itália decadente, moralmente decrépita e em que a "República dos Juízes" já teve mais poder. Agora parece que o homem vai mesmo ser julgado por pagar favores sexuais a uma sujeita menor, e que ele presumia ser neta do ditador deposto do Egipto, Mubarak.
Excelente pretexto ou justificação!!! Fica tudo entre gente sórdida, portanto.
Mas se situarmos o meio, as relações, os interesses em que essa gente se move, acabamos por compreender melhor o fenómeno e enquadrar o estilo do homem, feito com determinados lugares de eleição: essencialmente de prazer, de bailes, de salas de espectáculo, de bares, de restaurantes nocturnos e de hóteis, e muitas, muitas festas privadas dum homem que tem um património imobiliário tremendo, além de ser dono de cadeias de tv nessa mesma Itália decadente.
Neste quadro, o "prazer", enquanto variável de vida determinante em Berlusconi, acaba por ser a mola da sua vida, a vida dum homem velho que deve encontrar nesse estilo de vida algumas compensações para as milhentas frustrações e complexos que também deve ter. Uma vida resultante dum misto de luxúria, embriaguez e excitação, animada pelos tais espectáculos. É como se Berlusconi fosse o mestre de orquestra duma imensa órgia - que só pode começar quando ele chega e dá a ordem de partida. Mulheres não faltam, música e champagne também não. Pelo meio, deve perpassar algum pó branco e toneladas de gozo venal.
É assim que vejo este actor público italiano, que não é mais do que um erro de casting que empobrece a olhos vistos a bela Itália da moda, dos monumentos históricos, da arquitectura e da sua gandeza industrial, cultural e espiritual - formuladora e antecipadora de tendências a muitos níveis que depois acabam por influenciar o que se passa no mundo inteiro.
A exploração do prazer alheio e a satisfação do próprio prazer, é a marca d´água deste velho decadente que só deve funcionar a tok de contentores de viagras.
Depois, o seu estilo de marialva bilionário faz o resto da estória, ele converte-se na própria festa: fala, gesticula como tal. Ele é o baile da roupa suja e das rendas de luxo das meretrizes que entram na alta roda italiana por si patrocinado. Aí entram aventureiros, mafiosos, viajantes, malfeitores, artistas, anarquistas comprados pelo poder, tudo gente que vive para a órgia permanente orquestrada pelo cabo.
E é natural que assim seja, dentro do estilo do mentor, já que é essa mesma gente, com a sua catrafada de vícios, de interesses e de patologias, que nada tem a ver com o interesse nacional italiano, que assegura a sobrevivência daquele Milieu perverso berlusconiano, numa atada teia de interesses e de conveniências politico-venais garantida pela protecção e conivência recíprocas.
Nesse ambiente, naturalmente, resta pouco espaço para a intervenção das autoridades, policiais e judiciais, até porque muita dela é membro activo ou meramente figurante nesses bacanais organizados mais ou menos clandestinamente pelo poder do chefe. Assim, ficam de mãos atadas, porque também são membros e cúmplices dessa criminalidade venal - que essa rede de espectáculos montado pelo regime do Patrão montou, que integra o proxeneta de luxo - que depois ocupa um lugar central no aparelho de Estado - e funciona como o facilitador de prazer e crime mais ou menos organizado.
No fundo, quem é SB?! senão uma espécie bem sucedida da conjunção entre o prazer e o crime, autor do sexo venal que recruta rameiras transnacionais, explora, amedronta e protege uma extensa rede de mafiosos que protege uma outra categoria de interesses - que também é típica dum outro universo de crimes.
A esta luz, SB já não governa Itália há muito, apenas assegura a comercialização do seu vício, do seu hedonismo. A isto se juntando a busca de sensações fortes de vários tipos. É nessa vertigem, para escapar a uma velhice precoce e decadente, como é provavelmente a sua, que o cabo se comporta, reduzindo toda a sua atividade ao experimentalismo das suas desordenadas emoções.
No fundo, falamos de quem senão dum tipo que subjuga todos os que o rodeiam quer à dependência económica, quer à violência simbólica, estrutural e larvar que ele semeou ao longo de décadas de prepotência no âmbito da sua bem sucedida vida empresarial - a que, hoje, o espaço público italiano não consegue ficar imune.
Na prática, falamos aqui dum delinquente reincidente inúmeras vezes, apenas com a particularidade de se tratar dum delinquente de luxo que ganha milhões numa semana, está embriagdo e possuído pela vertigem da riqueza e do seu poder.
Confesso, contudo, que a minha grande surpresa neste caso perdido, decorre do facto, até por força de alguma tradição terrorista em Itália, SB ainda não ter sido abatido em público. E em Itália, na tentativa de algumas pessoas escaparem à prisão, recorre-se à delação, comportamento que depois é punido com a morte.
Em Itália, pela natureza psicológica daquela cultura e da personalidade colectiva dum povo com muito sangue na guelrra, sabemos que é a própria vida sexual que leva as pessoas à violência, e, não raro, para se controlar a amante (ou as amantes!!), e até para afastar os rivais, impera ainda mais violência em todo esse estilo de vida que SB cultivou.
Isto, na prática, faz dele um delinquente crónico. Par hazard, este tipo é o PM dum país chamado Itália. Que é, pela sua própria natureza, uma perdição.

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