quinta-feira

Opinião de Freitas do Amaral: PT, EDP, Galp e TAP são "campeões nacionais" que é preciso proteger. Se necessário, nacionalizando...

Em artigo de opinião publicado hoje na revista "Visão", Freitas do Amaral critica Bruxelas, considerando "inexplicável que, numa óptica anglo-saxónica, a Comissão Europeia e o Tribunal do Luxemburgo queiram acabar com as 'golden shares', fazendo de conta que não percebam que estas constituem um 'veto jurídico' necessário aos países sem força económica bastante para usar e abusar do "veto político'. Dois pesos, duas medidas!", acusa. in JNegócios
Para Freitas do Amaral, "a PT, a EDP, a Galp (e a TAP!) estão entre os nossos 'campeões nacionais'." Aliás, prossegue, "se formos para o neoliberalismo apátrida, não faltam congéneres suas que as poderão adquirir como quem compra um maço de cigarros ou uma caixa de fósforos". Mas Portugal "não pode ficar sem elas, pois são para nós empresas estratégicas, são o melhor que fomos capazes de pôr de pé nas últimas décadas, em boa parte com o dinheiro dos nossos impostos."
Num artigo, em que começa por elogiar os artigos de opinião de Nicolau Santos, "o nosso melhor jornalista económico", Freitas do Amaral defende que Portugal precisa de investimento directo estrangeiro, mas ele deve ser "desencorajado se vier apenas para comprar o bife e deixar-nos os ossos".
Aliás, concretiza Freitas, se a UE acabar com as "golden shares", a Assembleia da República "não deve hesitar em estabelecer, por lei, os direitos de veto do Governo nas empresas consideradas estratégicas." E se isso falhar, "então haverá que caminhar sem receios para a nacionalização de 50,01% do capital das empresas que não estamos dispostos a perder".
Obs: O administrativista Diogo Freitas do Amaral tem razão, o regresso à nacionalização estratégica acaba por ser um mal menor, sob pena de vermos adquiridos os nossos melhores activos empresariais, já que Portugal não tem a dimensão de outros países e de outras economias com quem concorremos e competimos no espaço global. Acusa ainda os tecnocratas de Bruxelas por não compreenderem isto, ainda que seja uma posição que contraria o mercado livre, que agora aparecia fortemente regulado pelo Estado mediante a defesa duma figura nova: a nacionalização estratégica.
Freitas terá, porventura, que rever algumas referências acerca daquilo - ou de quem - considera - o melhor jornalista económico nacional, de resto um exercício tão fútil quanto estéril.
Mas basta-me fechar os olhos por uns segundos para perceber que um outro jornalista da Sic N., José Gomes Ferreira - está infinitamente melhor preparado do que aquele que é referência para Freitas, e isso é tão evidente que até alguém que não tenha formação avançada em economia compreende.
Mas isto é pouco relevante para o problema que o Estado português tem entre-mãos, que não se resolve através num concurso de jornalistas nem de pareceres de jurisconsultos conceituados, como é o caso de Diogo Freitas do Amaral, por isso estranhei aquela sua comezinha referência.
No fundo, uma referência papillon.

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