quarta-feira

Cavaco: "cobrador do fraque" em Angola

Nota prévia: O cobrador do fraque é a melhor e a mais reconhecida Agência de Cobranças de Dívidas a nível nacional e internacional. The best and known Debt Collection Agency in Portugal.
Angola é um imenso mercado, os portugueses sabem disso, além de representar um enorme potencial económico para toda a África Austral. Nesta relação há, contudo, um problema, além da vantagem da língua e da história cujo complexo colonial já foi, em boa parte, ultrapassado: as empresas angolanas não pagam, ou pagam tarde e a más horas, é aí que entra Cavaco, assumindo a função de "cobrador do fraque". Era um papel que muito dificilmente veria no poeta Alegre que ainda não compreendeu que quanto mais se cola ao governo mais é socioeleitoralmente rejeitado. Ou seja, Cavaco vai a Angola ajudar as empresas nacionais que lá investem, faz um brilharete na sociedade civil angola, até porque sempre manteve boas relações com o MPLA e Zé Dú, e este é o caminho que garantirá a reeleição. Alegre, ao invés, prega a velha intriga intra-muros que já ninguém quer ouvir. Arrisco mesmo a dizer que a ida de Cavaco a Angola serve para justificar duas coisas: os múltiplos erros cometidos ao longo do mandato e, por outro lado, revela-se útil na cobrança das dívidas das empresas angolanas de que as empresas portuguesas são credoras. Por tudo isto Cavaco é aqui visto como o cobrador do fraque, aquele que nos funerais apresenta a factura, e nisso temos de convir, Cavaco é eficiente. Alguém está a ver o poeta Alegre reclamar uma dívida seja lá a quem for...
Cavaco, em rigor, vai a Angola para garantir a sua reeleição em Portugal. E está a conseguir. Hoje já ninguém se lembra da inventona das escutas de S. Bento a Belém, do Estatuto dos Açores e até da promulgação do casamento gay que deixou a igreja colérica.
A arte do poder é, no fundo, demonstrar não ter ideologia e governar, ou melhor presidir, à esquerda, ao centro e à direita.

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