quarta-feira

Ideia de progresso. Recuperação de John Rawls

Sindicatos, patrões e Governo, a troika regulatória de sempre, tenta encontrar fórmulas que agradem a todos no quadro apertado das leis de trabalho e da selvajaria em que se converteu o mercado de trabalho. É conhecida a nossa produtividade, em linha com a competitividade, uma lástima, menos de metade da média dos países da UE que admiravelmente integramos. Seja como for, urge criar condições para mais facilmente empregadores criarem empregos, diminuindo, assim, o drama social composto das desigualdades dos in & out.
E é neste quadro ou ciclo de ideia do progresso, que é dinâmico, que passámos da colectividade para o indivíduo, validando as ideias de Alfred Hirschmann acerca das alternâncias de períodos em que dominam os valores colectivos e outros em que primam os valores individuais.
Neste contexto, ganha foros de cidade o pensamento de outro filósofo social e económico, John Rawls que defende que o nível de desigualdades deve ser compatível com um mínimo de justiça, ou seja, para Rawls urge reduzir a desigualdade até ao momento em que aquele que é o mais desfavorecido de todos numa sociedade já não se se sinta um perdedor.
Hoje poucos são os militantes no Estado e na sua capacidade de redistribuição dos rendimentos e da riqueza, sobretudo com um desemprego acima dos dois dígitos e com cerca de 600 mil desempregados, exceptuando os emigrantes qualificados e não qualificados que demandaram outras paragens e que, por essa razão, congelaram os ponteiros da taxa do dito desemprego para os 13 ou 15% - felizmente ainda distante dos cerca de 20% da mesma taxa aqui ao lado, em Espanha.
A salvação para esta desgraça social não parece ser de natureza colectiva, mas exclusivamente individual, e à medida que avançamos no estádio civilizatório e vemos aumentar os benefícios da maior parte, o número daqueles que terão necessidade de recorrer ao apoio dos seus concidadãos para obter uma pequena parte do seu quinhão, crescerá de forma assustadora. Até já parece a profecia de Alexis de Tocqueville..., quando no séc. XIX dissertava sobre o pauperismo.
E é também para esses que o Estado terá de dirigir a sua atenção a grande velocidade, sob pena de riscos maiores poderem eclodir em Portugal. Não havendo possibilidade de ascensão e mobilidade social, resignação a salvação, segundo os novos psico-sociólogos do sofrimento, defendem que a resposta reside mesmo no assistencialismo do Estado.
Assim se evitam choques maiores, e esse velho dispositivo estatal parece ser ainda o último reduto para a manutenção da ordem na sociedade e no Estado.

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