quarta-feira

Falar ao impulso com um assoboio na boca: Voila, o sr. Ollin, a Vuvuzela europeia

Ouvir o sr. Olli Rehn, comissário do "assobio", é um zumbido pegado, uma versão micro das horríveis vuvuzelas que, em rigor, deveriam ser proibidas no ambiente desportivo. Poderia seguir-se a cultura e o exemplo do ténis, pois o futebol, apesar de ter características diferentes, também exige concentração por parte dos seus atletas, e o barulho ensurdecedor é um antídoto para esse clima. Mas, enfim, é a cultura da África austral, dizem..., mas que penaliza o desporto.
Este senhor, por também ser uma vuvuzela, passe a analogia, não comunica, assobia e ventila palavras isoladas umas das outras, esperando, por milagre, que façam sentido, que mais parece uma cabine telefónica do séc. XX a registar impulsos. Não é só a forma ultra-deficiente como se expressa, é também o conteúdo das suas mensagens que deveria ser questionado pelos serviços de comunicação da Comissão europeia - que costuma ser tão exigente com a formação cultural e linguística dos seus quadros e depois, como se vê por este péssimo exemplo para toda a União Europeia, é tão permissiva e laxista com este senhor que apenas conhece algumas palavras no seu vocabulário que despeja literalmente nas decadentes conferências de imprensa: "Portugal must take mesures", e depois lá diz "target, budget" e mais umas palavrinhas desgarradas de sete e quinhentos para compor o ramalhete. Mas que, não raro, geram confusão e dão azo a incidentes politico-diplomáticos que são perfeitamente evitáveis.
Pergunto-me se não seria mais saudável - e barato - para a Comissão europeia ter um porta-voz que comunicasse razoavelmente mostrando, assim, ter algum respeito pelos milhões de europeus que têm de gramar aquele assobio desconchavado num permanente ensaio de línguas ao nível do iniciante.
O sr. Olli, quer se queira quer não, representa hoje a decadência em que vegeta a Europa - nuclearizada no eixo franco-alemão - sem alma, sem projecto político mobilizador, sem um sentido de missão e, para agravar tudo isso, sem língua - o que exige da Europa alguém que saiba comunicar os objectivos que a cada momento se colocam aos estados-membros sem que um serviço de cifra tenha de descodificar permanentemente o que o homem do assobio pretendeu dizer com aqueles sopros de vuvuzela comissariados por uma Europa que é politicamente irrelevante.
Talvez o sr. Olli fizesse (mais) falta na África do Sul... só que no seu caso, por já ser uma vuvuzela natural, dispensaria o instrumento. Bastaria que lhe pedissem para soletrar umas palavrinhas em inglês... é sempre ensurdecedor!!! A Europa que queremos construir só teria a ganhar se conseguisse evitar que pequenos problemas desta natureza atrapalhassem a construção dos grandes desígnios que, com a liderança de Barroso, também não se conseguem identificar neste período negro para a história geral da Europa - que perdeu poder, influência estatuto e prestígio global nos últimos seis anos.

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