Carlos Queiroz: mais uma vuvuzela desafinada
Confesso ter dificuldade em entender as declarações do seleccionador nacional, Carlos Queiroz, relativamente a três aspectos, todos eles interferentes com a moral e coesão do grupo e que podem minar mais do que potenciar as suas sinergias: 1) a forma como a Costa do Marfim jogou contra Portugal - dizendo que não quis "assumir o jogo", argumento caricato; 2) o epifenómeno da braçadeira, pois também não é por aí que os jogadores nacionais se lesionam; 3) e a forma negligente como Queiroz resolveu enviar para Portugal Nani, sem que a equipa médica coordenada por si fizesse uma declaração, uma nota informativa de carácter clínico que fundamentasse essa decisão. Não o fazneo fica a nebulosa nociva para todos.
Ou seja, em três aspectos, relativamente simples de equacionar Carlos Queiroz revela grande dificuldade em resolver coisas banais, e depois tem uma destemperada tendência para exacerbar esses aspectos, problematizando-os, como se fosse uma mega-vuvuzela que acaba por penalizar ainda mais o espírito e o moral do grupo, a ponto de ser desautorizado por Deco numa pequena declaração após o jogo. Ora, isto revela bem que Queiroz não é um líder, ou é um líder frouxo.
É um tipo de líder, muita vezes parecido a certos políticos, que anda em busca de um culpado que deverá ficar com todas as culpas e responsabilidades se as coisas correrrem mal. Parece ser essa a motivação de Queiroz, em vez de se preocupar com os aspectos táticos e estratégcios da selecção nacional. Para Queiroz, a identificação de um culpado, se for um bom culpado, inocenta-o de desgraças futuras, como se ele não tivesse sido co-responsável de alguns erros que já cometeu. Queiroz deve esquecer a braçadeira do jogador da Costa do Marfim, a negligencia do Nany e não imputar às selecções adversárias as razões e as justificações para compensar os seus próprios erros e más percepções vertidos em opções de jogo. Com jeitinho e alguma ciência, arte e muita, muita sorte dos jogadores da selecção nacional, Queiroz ainda poderá deixar de ser um líder frouxo para, simplesmente, passar a ser um líder. Mas se o for é mais porque os jogadores o ajudaram mais a ele e não o inverso, que fique para memória futura. Se assim não for, Queiroz será recebido na Portela como mais uma vuvuzela desafinada, a lembrar o comissário Olli Rehn - que nunca se percebe bem aquilo que quer dizer quando assobia.
Etiquetas: Carlos Queiroz, líder
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