A Filosofia, a Verdade. Recuperação de Camus
Pequenos exemplos em como hoje o mundo da política e da economia vivem da racionalização da mentira, porque essa tem o apoio de alguns agentes políticos e económicos que ganham com essas contabilidades criativas e os eleitorados pouco ou nada podem fazer, excepto nos períodos eleitorais, dada a democracia fraca que temos.
Portanto, a centralidade da mentira é algo importante nas nossas vidas, percorre imensas decisões pessoais e colectivas, e também o foi ao tempo de Camus, que aqui recuperamos, nem que seja para contrariar essa tendência e inverter um pouco os sinais dos tempos. O maior falhanço de uma pessoa, defendem os existencialistas - em que aquele filósofo se insere - é quando alguém vive numa mentira, quando se engana a si próprio e vive com uma má fé. O Sr. Meursault, personagem de Camus, é um herói absurdo porque, precisamente, não mente, e que O Estrangeiro espelha a história de um homem que, sem qualquer heroísmo, aceita a morte, em favor da verdade.
Sendo ou não importante esta questão da verdade, podemos aí ver sobre que é que os seres humanos deveriam aspirar, mesmo sabendo que boa parte da classe política, dos agentes económicos e sociais recorrem à mentira funcional enquanto expediente para daí extrair vantagens várias, e a ser assim essa predesposição fará do homem um ser compulsivamente mentiroso, seja para ganhar eleições e conquistar o poder, seja para manipular as contas da sua empresa, seja ainda para fins mais pessoais.
Talvez seja por isso é que o Sr. Meursault deveria ser visto como um herói do nosso tempo, porque não mente e procura introduzir alguma boa fé no complexo sistema de relações políticas, institucionais e pessoais desta nossa triste contemporaneidade.
Etiquetas: a verdade na economia e na política, Filosofia, mentira
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