quarta-feira

O ponto de não-retorno: duas decisões fatai$$

As duas decisões de Sócrates - a subida abrupta dos impostos no domínio fiscal e socioeconómico, e o apoio pífio e cínico ao poeta Manuel Alegre no âmbito das eleições presidenciais - integram decisões que moldarão o ciclo socioeleitoral do PS, enfraquecendo-o substancialmente aos olhos das populações que já não verão quem governa com os mesmos olhos sem, contudo, olhar para o centro direita com relativa esperança. Eis o paradoxo a que Portugal chegou: quem está já governa coxo, e quem se apresenta à governação ainda não oferece credibilidade absoluta para receber essa confiança do eleitorado. Se no domínio fiscal Sócrates ficou sem espaço de manobra, já no domínio da política pura e aplicada, leia-se, na escolha do candidato a Belém, o PM deveria ter sido mais ousado e não apoiar quem o traíu, i.é, não ter MEDO, por regra uma variável fatal em política. E Sócrates, por força da imposição destas circunstâncias ditadas pelo poeta Alegre, que não é mais do que uma caixinha ambulante de vaidades ocas sem desígnio para Portugal, acabou por revelar uma aversão ao risco, tantas vezes associado à crença de dano oriundo do objecto de "luxo" que acabou por ter de engolir supondo, assim, que resolveria o problema do PS a Belém. Não resolveu. Com isso, juntamente com a carga fiscal, a que alguns designam de esbulho, Sócrates assinou a sua própria sentença de morte. Oxalá me engane, mas a realidade está sempre fora do círculo dos nossos desejos. Aliás, é nisto que o autarca da capital também aposta, pois por aí perpassa boa parte do seu futuro político no âmbito geral da política de paróquia que os nossos actores políticos vão tecendo. Portugal, confesso, merecia melhor.

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