sábado

Nações sem ideais desaparecem num ápice

Uma Nação sem ideal desaparece rapidamente da história, o que seria uma grande maldade para Portugal, já que temos quase um milénio de história. O objectivo da raça humana é a obtenção da Felicidade, que consiste em mais prazer do que dor. De súbito, toda a história económica de Portugal parece ter ficado pendurada com a capacidade do "anão" PT enfrentar o gigante Telefónica pela manutenção da respectiva posição na Vivo. Estado, alta finança, pensamento estratégico - tudo e todos - parecem convergir para ajudar a PT a driblar o Golias-Telefonica. E eu a pensar que tínhamos um ideal, uma visão, uma missão que não se esgotasse nessa geometria das acções cotadas em bolsa que fazem a felicidade de uns e a desgraça de outros. Criámos esta civilização de valores, estruturámos assim o capitalismo e, agora, não sabemos lidar com ele. Vemos o PM de Portugal, que em tempos deu língua, história e unificou o Brasil, a pedir ajuda a Lula para desatar o nó do gigante espanhol na Vivo. Algo está errado nesta modalidade de pensar a economia e de fazer alta política assente em cifras. Talvez tenhamos de alterar a concepção de felicidade, modificar o padrão de riqueza, poder, influência, quem sabe assim se altere também o nosso destino, hoje demasiado aprisionado às questões financeiras. Na prática, hoje somos quase todos mártires do sistema económico que edificámos, e é ele que se serve de nós, em vez de nos servir, tal o paradoxo dos tempos. Ficámos escravos das acções dum tipo estrangeiro que desconhecemos para desenvolver um negócio português, ou dinamizar as condições de produção de C & T nacionais só possíveis graças ao lote de acções de um accionista de referência. Este ideal financeiro acaba por colonizar todas as outras dimensões da vida humana, esfrangalhando a própria noção de felicidade que faz de cada homem e de cada mulher um mercenário, um mártir, um legionário. Zeinal bava pode ser um tipo genial na gestão de empresas, mas não consigo ter nenhum respeito intelectual por ele, pagava-lhe para não ser meu secretário, porque os valores que promove na cadeia de valor da economia global são sempre assentes nas leis do tubarão contra a boga, e agora é ele que representa a boga e o tubarão a Telefonica. O problema é que o mundo está repleto de Bavas, porque é assim que funciona a economia capitalista. Por paradoxal que pareça, são os bavas do nosso tempo que personificam os heróis pós-modernos, são eles que ditam as regras duma economia que nem sempre é amiga das pessoas, são eles que também alimentam a face negra da globalização predatória que faz com que cada uma das nações do actual sistema de relações internacionais não tenha ideal, missão ou desígnio. O mundo está hoje privado de história e de ideal. O que conta mesmo são as melhores OPAs lançadas às empresas dos outros para que possam ser nossas. Neste caso, ganhar pode significar perder, a prazo...

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