segunda-feira

Paulo Rangel é o dissidente com discurso crítico

Esta imagem talvez possa recortar o estado da arte em que hoje o psd de Ferreira leite se encontra. E aí caberá perceber por que razão Rangel poderá ser a estrela promissora que rivalizará com Sócrates o lugar de PM. Várias razões estão hoje do lado de Rangel, veremos algumas delas:

1. Rangel aparece nesta corrida como o dissidente do partido que quer conquistar a liderança, e antecipou-se para o efeito, embora estando a ocupar um lugar de eurodeputado. Se, por um lado, trai a confiança do eleitores que votaram nele, por outro Rangel sabe também revela altruísmo, pois abdicará do seu vencimento dourado para se abalançar à luta política, mas é do poder que se trata, e ser eurodeputado não é mais do que se um burocrata europeu. E Rangel deseja ser mais do que Ilda Figueiredo...

2. Rangel é o menos trivial dos demais candidatos à liderança: Aguair-branco é um homem previsível; Pedro Passos Coelho não tem uma ideia que surpreenda, e quando deseja inovar ou diz que Sartre é autor da fenomenologia do espírito ou quer privatizar a CGD. Ou seja, pior do que o cinzentismo de Aguiar-Branco, um advogado queque do Norte, só o experimentalismo inculto de Pedro Passos Coelho, e já nos basta termos alguém em Belém que desconhecia Os Lusíadas.

3. Rangel é, dos três a concurso, aquele que tem o discurso crítico mais afinado e assertivo no combate ao PM, e isso será naturalmente compensado pelas bases do psd que querem um candidato vencedor, seja ele Rangel ou Fonseca Benevites. É preciso é que ganhe de modo a que os elementos do psd, uma vez no poder, possam replicar os mesmos mecanismos e abusos de poder que hoje imputam ao PS e ao PM em funções. Nada de novo sob os céus, portanto.

4. No quadro da dialéctica política e da guerrilha parlamentar Rangel é, sem sombra de dúvida, o candidato mais eficiente, é o que articula melhor, é o que domina melhor as questões técnico-económicas e aquele que hoje melhor se consegue demarcar da tribo ferreirista, e isso permite-lhe escapar aos preconceitos da tribo, e, por outro lado, resistir melhor ao encanto das aparências e combater a falsa consciência no seio do seu próprio partido.

Veremos se, de facto, Rangel será o homem do Sim, do Não ou será mais um um a dizer Nim - para se aguentar na onda da política que tem apodrecido a discussão de ideias e o debate dos projectos em Portugal.

O único grave problema de Rangel é que, caso seja PM, possa começar a dizer mal do seu próprio governo e a dizer de cada ministro seu o que há dias verberou acerca do seu próprio país no PE.