sábado

A guerra de alguns Media em relação ao poder. O jornalismo pitbull

Não há poder que não tenha querido domesticar os media. Jornalistas como Mário crespo, o casal Guedes/Moniz e muitos outros, já tiveram atritos com o poder, seja com o PS ou PSD. Faz parte da lógica das coisas, além de que muitos jornalistas, na sua inversão de papéis, têm projectos de poder, mas poucos são aqueles que assumem esse desafio e essa responsabilidade. Paulo portas, por exemplo, resolveu assumi-la depois de ter esfrangalhado o cavaquismo durante uma década, publicando todas as semanas notícias falsas contra membros do governo de Cavaco - tendo depois de pagar avultadas indemnizações para reparar essas injustiças à honra dos visados.
João de Deus pinheiro, Braga de Macedo, Duarte Lima, Macário Correia foram alguns desses visados nas mãos do então carrasco do jornalismo político nacional, hoje dirigente do cds/pp. Hoje a realidade é diversa: temos um PM que assume alguns atritos com o mau jornalismo e revela-o publicamente, tem essa coragem.
O jornal de 6ªfeira da tvi era um desses exemplos de péssimo jornalismo que manchou a própria deontologia da classe jornalística em Portugal. Hoje, qual é a técnica de alguns semanários, que violando decisões de juízes e desprezando a autoridade dos tribunais, para linchar titulares ou órgãos de poder legitimamente eleitos?!
É, precisamente, construir um "segredo" assente noutro segredo - fazer crer à opinião pública de que o PM é um "verdadeiro mafioso" -, e que, por isso, não é necessário ocultar, mas sim publicitar e mostrar. Daí que a haver manipulação da informação - ela corresponde mais à direcção de certos pasquins/semanários, cujos accionistas são, curiosamente, destacados membros do PSD, com o fito de minar o governo por dentro e tirar-lhe a força moral e anímica para continuar a governar. É para isso que serve este ruído de informação, esta profusão de notícias acerca das escutas. Tudo serve, afinal, para mascarar a realidade que nenhum de nós conhece, em rigor. Naturalmente, a oposição cavalga esta onda, dá-lhe jeito enfraquecer o poder em funções recentemente eleito.
A esta luz, quando hoje se pensa nos semanários do costume que mais têm trabalhado para destruir o PM e para vender papel e, assim, fazerem face à crise no sector dos media, mais intuímos que o nosso grande inimigo, o inimigo do povo e da opinião pública, não é o Governo nem o segredo de alegados planos maquiavélicos para dominar os media em Portugal, mas sim a configuração truncada de certas notícias, o agenda-setting de certos editores e directores de jornais semanários, a manipulação da informação em Portugal oriunda das direcções de informação dos media - que são empresas e têm, obviamente interesses económicos imediatos a defender - e da intriga e da trivialidade que têm vindo a institucionalizar na sociedade portuguesa que, por ter um baixo índice de cultura política, acaba por se deixar influenciar pela manipulação jornalística dos arquitectos ressentidos do costume.
Numa palavra: o jornalismo-pitbull desenvolvido por alguns semanários contribui hoje para agravar a crise de representação em Portugal, facto que nos priva dos sistemas de orientação capazes de nos habilitar a compreender a realidade e a reduzi-la a dimensões perceptíveis. Para alguns portugueses que hoje lêem alguns jornais a realidade afigura-se tal qual a mestela é servida nesses pasquins, mas, para outros portugueses, talvez mais avisados e prudentes, as causas das metástases em Portugal são ampliadas e promovidas pelo chamado jornalismo pittbull que, por ódios pessoais, por motivações de poder e por razões de natureza financeira e económica - acabam confundir os portugueses e criar um clima ao nível da opinião pública ainda mais obscuro do que esclarecedor.
E se vivemos num país em que os media desprezam e desautorizam literalmente as decisões de juízes e tribunais, pergunto-me para que servem eles em regime democrático?!