segunda-feira

Jornalismo-Tosa

A característica desta raça de cães - Tosa - é a sua predisposição para a luta e um temperamento pautado pela paciência e alguma audácia. Não largam a presa até a verem de rastos. Sabem que têm força e, quando necessário, usam-na a seu contento. Esta descrição evoca, por efeito de analogia, algum do jornalismo persecutório que hoje é praticado em Portugal por motivações claramente politico-partidárias e de natureza económico-financeira e de posicionamento no mercado. Foi assim quando o PSD esteve no poder, é assim com o PS.
Referimos aqui que alguns desses maus jornalistas são homens frustrados, muitos deles desejariam ter tido uma carreira política e académica, não o conseguindo terminaram no jornalismo onde nas redações de alguns jornais semanários montam semanalmente o seu ataque para devorar a sua vítima de estimação. Isto parece a reedição do Indy da década de 80 do séc. XX quando Portas era o jornalista-mor do regime, cujo fito era o abatimento político do cavaquismo, e conseguiu.
Naturalmente que para isto também contribui o feito e a personalidade do PM, que por ser um homem acossado é pouco tolerante para alguns desses jornalistas, mas o povo não é parvo. E admitindo haver alguma tentativa de ter alguma opinião pública e publicada "amiga" - tal não se deve discorrer pela existência maquiavélica dum plano cirúrgico a envolver milhões nesse sentido.
Nenhum governo numa democracia pluralista altamente escrutinada como a nossa incorreria nesse risco e nessa loucura e, convenhamos, Sócrates pode ser reactivo mas não é burro, como alguns maus jornalistas que praticam o chamado jornalismo-Tosa. Neste contexto, puramente analógico, o objectivo desses media - que dependem das audiências e da Pub. para se financiarem, e que têm obviamente conexões politico-partidárias, sendo que alguns semanários são todos detidos na sua estrutura accionista por empresários ligados ao psd, visam, por um lado, tornarem-se imunes às críticas da sociedade e dos sectores políticos visados por eles nas suas peças (desin)formativas, e, por outro, alargar a sua quota de mercado junto dos seus leitores. Recordo que alguns desses semanários financiam-se com capitais angolanos, provenientes do ouro negro e dos diamantes e que pouco preocupados estão se em Angola existe uma democracia pluralista, ou crianças e idosos a morrerem nas valetas com menos de 1 dólar por dia, mesmo diante das faustosas vivendas dos homens do regime que hoje mandam em Angola.
Portanto, podemos afirmar que alguns media, os mesmos que praticam mau jornalismo com o fito de destruir politicamente A, B ou C, satisfazem os seus intentos quando conseguem introduzir a negação do sistema no próprio sistema. Ou seja, uma coisa é a crítica - saudável por natura, mas quando da crítica se parte para a truncagem de informação, abuso interpretativo para criar um certo efeito na opinião pública (e publicada), violação grave do segredo de justiça, desautorização de juízes independentes e marginalização do papel do PGR - deixámos, isso sim, de viver num estado de direito.
Mas não por que o Governo interrompa o exercício ou a garantia dessas liberdades cívicas, mas porque esse mau jornalismo viola sistemáticamente as regras do direito que o sistema judicial já há muito não consegue preservar e fazer respeitar. E uma justiça assim, violadora sistemática do sistema de regras que ela própria deveria guardar e promover, tem que ter cúmplices que recebam essas fugas de informação (oriundas dos interstícios de algum aparelho judicial com motivações partidárias, pessoais, financeiras ou outras) e as canalizem para as redações dos jornais que depois se encarregam de fazer o charivari que conhecemos.
Um secretário de Estado, um ministro, um dirigente político que ganhe alguma notoriedade passa automáticamente a ser escrutinado pelos media, enquanto que os jornalistas estão protegidos pelo manto diáfano da realidade, pela fortaleza do seu capital simbólico, pensando-se juízes em causa própria quando, afinal, e em inúmeras situações, não passam de maus profissionais que truncam a informação a soldo de qualquer interesse pessoal ou corporativo, ou até para se vingarem do poder pelo facto de não terem sido integrados nos gabinetes ministeriais como assessores. Há de tudo nesta corporação pérfida e maledicente que coloca sempre o interesse privado acima do interesse geral, não se importa de amputar o bem comum em prol do interesse privado ou grupal e corporativo.
É aqui que chegamos à tal conversa de café para concluir, afinal, que a justiça em Portugal é, infelizmente, uma verdadeira bandalheira. E é triste reconhecer isto, tanto mais que são inúmeros os investimentos estrangeiros que também deixam de cá se fixar por causa da morosidade e ineficiência da justiça, além da carga fiscal que também não é convidativa, mas isto já é responsabilidade do governo.
Tudo para concluir que alguns media, o chamado jornalismo-Tosa, praticam a sua arte com a preocupação de cuidar dos desvios e das patologias alimentando a inquietação da sociedade. E se o político A, B ou C não é mafioso trata-se logo de truncar alguma informação que acabe por fornecer esses indícios, sendo que, para o efeito, até conversas do foro privado servem esses propósitos.
E onde é que fica aqui a legitimidade das decisões dos tribunais e dos juízes?!
A esta luz alguns media são os principais agentes subversores do rule of law que todos proclamam, mas que ninguém, em rigor, observa. Deste modo, quando a subversão é a corrente dominante numa sociedade, o seu mainstream, podemos verificar que o condicionamento ao exercício das liberdades e garantias dos cidadãos acaba por ser mais diminuídas por alguns media, pelas suas rotinas, pela sua avareza, pela sua motivação em alargar quota de mercado do que, propriamente, por um PM acossado e reactivo que, pontualmente, assume de frente as suas divergências com alguns desses papas da comunicação social em Portugal.
Qual de nós, em rigor, já não sentiu a necessidade de chamar nomes feios a algum jornalista menos escrupuloso ou mais incompetente no exercíco da sua profissão?!
Nota: Já agora, alguém tem dúvidas de que, por exemplo, o tal jornal de 6ªfeira da tvi do casal Moniz era uma autentica vergonha nacional, coarctando até a própria deontologia da classe?! Era a negação do sistema que procurava bloquear o própio sistema. Something in the system jumps out and acts on the system, as if it were outside the system.
Quem não consegue perceber isto também não conseguirá distinguir uma batata duma cebola.