quinta-feira

Repensar as funções do Estado ou a Igreja?!

Quando hoje se equaciona, volvido meio século de Guerra Fria e uma entrada turbulenta no III milénio, a melhor forma de atingir o chamado bem comum da sociedade - damo-nos conta de que não é apenas o aparelho político liberal presente no Estado que se afasta desse bem comum de que falava Aristóteles, é também a Igreja que se afasta desse ideal e desses valores. Daí não ser estranho que, hoje, não apenas o Estado mas também a Igreja são elencados como "inimigos" da própria sociedade e, por essa razão, cada um dos indivíduos tende a confrontar ambos - Estado e Igreja - com os problemas socioeconómicos contemporâneos. Se o rebanho de crentes (e leigos) - rejeita o paternalismo do Estado - por este já não conseguir assegurar o bem comum - o mesmo rebanho também tende a criticar a incapacidade da Igreja em se adaptar aos novos tempos de globalização competitivia em que a necessidade é combinar competitividade com coesão social. Daqui resulta uma possível saída para a crise que hoje afecta Estado e Igreja na resolução dos problemas sociais do país. Sendo que aos católicos mais conscientes se passou a aceitar a necessidade da mudança, os mais tímidos reservam-se e escudam-se nas posições e soluções corporativas, e os mais esclarecidos tendem a envolver-se nas vias da democracia cristã de tipo mais directo, imediato e próximo das bases sociais com quem pretendem dialogar. O problema é que no seio desta confusão de papéis, que surge sempre em momentos de crise e de viragem, há sempre uns que advogam que os outros são marxistas, os outros conservadores, e os outros ainda corporativos. Há, pois, de tudo nestes "negócios" terrenos e divinos - em que a doutrina social emergente terá de saber conviver para ajudar o Estado a intervir na sociedade, abrindo também caminho à Igreja para dar uma mão no combate aos problemas sociais que o Estado, seguramente, não consegue resolver sózinho. Numa palavra: a mudança que se exige toca não apenas o Estado mas também a Igreja, um e outro terão que se redefinir perante uma sociedade que já há muito não se revê neles.
Musicas Gregorianas

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