Evocação de Guy Debord. Sem espectáculo
O espectáculo é uma permanente guerra do ópio para fazer aceitar a identificação dos bens às mercadorias; e da satisfação à sobrevivência, aumentando segundo as suas próprias leis. Mas se a sobrevivência consumível é algo que deve aumentar sempre, é porque ela não cessa de conter a privação. Guy Debord foi uma das mentes mais brilhantes do séc. XX, que melhor compreendeu o esprit do nosso tempo, denunciando a opção do homem pela imagem relativamente à coisa, a opção da representação sobre a realidade, a opção da aparência relativamente ao ser. Compreendeu bem o valor e peso da ilusão na nossa vida, mas depois descobriu que a verdade é que era profana. Foi um pensador de excelência, profundamente inovador e criativo que percebeu como ninguém o que é, na realidade, a vida humana: uma acumulação de espectáculos. Merece evocação, por isso aqui o recuperamos no tempo que passa. Sem espectáculo.
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