domingo

Os EUA e princípio do poluidor-pagador

Não é todos os dias que se assiste à visibilidade pública da prática do conceito do utilizador-pagador. Essa é a situação que se verifica com a atitude politicamente madura que o Presidente dos Estados Unidos tomou, na sexta-feira, ao alterar a data da sua deslocação à Cimeira das Alterações Climáticas de Copenhaga, promovida pelas Nações Unidas. DN
Ao ter transferido a sua presença da primeira semana, por norma reservada às negociações burocráticas de um documento que só terá a sua versão definitiva mesmo às últimas horas da iniciativa, para o dia de fecho da megarreunião, Barack Obama veio mostrar que a sua Administração está realmente empenhada na obtenção de um acordo na capital da Dinamarca. O anúncio da sua presença no dia 9, quarta-feira, já tinha mobilizado grandes esforços de entendimento e resultado em compromissos importantes por parte de vários países, designadamente a China e a Índia. Agora, ao garantir que estará pessoalmente em Copenhaga no dia 18, Obama mostrou que a aposta dos EUA para viabilizar o acordo é séria. Aliás, uma atitude muito mais responsável que a do Senado e do Congresso, que teimam em atrasar um compromisso vital dos cidadãos que representam para com o resto do mundo. Quanto mais não seja, porque pertencem ao país que mais polui o planeta e que terá de estar na linha da frente da mudança dos hábitos para amainar a tempestade que as alterações climáticas terão em todos os lugares do mundo. Até nos Estados Unidos, por mais que voltem a cara para não ver as suas más acções ambientais.
Obs: Obama com esta decisão de estar presente na Dinamarca, resultado duma apurada autoconsciência planetária, apenas está a fazer jus à responsabilidade que a América tem na prevenção da poluição global do planeta de que é a principal responsável. Além de que o líder mundial tem uma responsabilidade inata perante a comunidade internacional: dar o exemplo. Para que o leader tenha liderança e obtenha seguidores - os tais followers - tem, necessáriamente, de subscrever os principais princípios e valores conducentes à sustentabilidade do planeta e não, como tem sido apanágio da antiga Administração G.W.Bush - continuar a ser o velho poluidor do planeta. Esperemos, pois, que Obama seja consequente, apesar de o seu estado de graça começar a desaparecer - intra e extra-muros...