O regresso da profecia de Alexis de Tocqueville. A civilização vs desgraça
Amiúde pelas cidades de Portugal, e um pouco por todas as cidades da Europa, são inúmeros os fogos e contra-fogos sociais instalados por esta globalização neoliberal que as nossas democracias representativas não conseguem corrigir, agravando, com isso, ainda mais as desigualdades sociais. Parece que algo está bloqueando a máquina do desenvolvimento, parece que alguém esconde a peça que a máquina precisa para ter um desempenho eficiente, competitivo e coeso. Então, se no interior das sociedades aumentam os problemas sociais, - do desemprego à segurança social passando pela saúde e pela educação; no exterior delas os problemas também não são menores, arrastando milhares de marginais que parecem multiplicar-se como cogumelos. E a ser assim parece estarmos diante da profecia de Alexis de Tocqueville, que em 1835 defendia no seu ensaio sobre a pobreza que à medida que o actual movimento da civilização avança, vemos aumentar os benefícios da maior parte mas, ao mesmo tempo, também aumenta o número daqueles que terão necessidade de recorrer ao apoio dos seus semelhantes para obter uma pequena parte desses bens. Portanto, esta nossa civilização, em linha com os ensinamentos de Alexis de Tocqueville, parecem premonitórios com a vaga de globalização predatória que se instalou com o Consenso de Washington - madrasta da filosofia neoliberal. Numa palavra, a sociedade em que vivemos já não é um campo de batalha, mas um campo de corridas de feras, contra o tempo…
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