segunda-feira

notas ao Notas Soltas de António Vitorino

- secundarização do debate económico fazendo supor que à classe política interessam as suas tricas em prejuízo dos interesses e do bem-estar dos portugueses;
- continua a campanha de assassínio de carácter a Sócrates - em torno de quem Ferreira leite edifica todo o seu ódio oco e um ressentimento primário típico de quem não sabe perder e de quem nada tem para partilhar no espaço público;
- o voieurismo das escutas do processo Face Oculta - que denuncia a mediocridade do funcionamento do nosso sistema de justiça;
- o calculismo cínico do PR ao não falar para aplacar a irresponsabilidade das oposições, diminuído que está na sua campanha ad homine ao PM - na tentativa de o matar políticamente com o lamentável episódio dinamizado por Fernando lima, assessor de comunicação de Cavaco, demitido e admitido em tempo récord;
- no meio da espuma dos dias importa ver como se burila a preparação do OGE, principal instrumentos económico e financeiro do país;
- e que normas irão reger o momento mundial em matéria ambiental no pós-Quito a fim de diminuir as emissões de CO2 na atmosfera - e que comportamentos assumem os grandes poluidores, como a China, a Índia e os EUA - e qual a relação do Norte - rico e desenvolvido - relativamente ao Sul pobre e subdesenvolvido.
Das cenas públicas da vida política portuguesa parecem resultar um espectáculo deprimente - em que a imagem que passa é a do Estado que se transforma numa empresa teatral - o tal Estado espectáculo de que falava o sociólogo Roger- Gerard Schwartzenberg. E tinha plena razão, já que o seu autor explica como o mal está a colonizar o nosso espaço público, o espectáculo vertido no próprio poder e na sociedade em geral sem que se saiba muito bem como iremos sair da crise em que estamos mergulhados.
Numa palavra: se o Estado é aquela gente que na AR tece aqueles comentários e reacções às políticas apresentadas pelo poder em funções - então estamos também em condições de afirmar, na linha de Roger que o Estado se metamorfoseou nessa meretriz produtora de espectáculos deprimentes cuja política é a sua própria encenação.
Por isso interpretei as palavras lúcidas de AV como um tributo ao supra-referido Róger-Gerard e, de certo modo, também Guy Débord...
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