entrevista a Horácio Roque (Banif) - Vamos analisar privatização do BPN
Entrevista de Horácio Roque, presidente do Banif
Vamos analisar privatização do BPN
Por Cristina Ferreira, Luís Villalobos
Horácio Roque diz que a posição no Finibanco é para alienar, caso avance para a privatização do BPN e fique com o banco.
Está interessado no BPN?
Quando o negócio for conhecido, quando se souberem as condições em que o Estado quer vender, vamos analisar, com certeza.
Já teve algum contacto com a Caixa Geral de Depósitos?
Não.
Quais seriam as condições ideais para se interessar pela compra do BPN?
Não vou especular, eles é que querem vender, e têm de apresentar as condições. Mas é lógico que a marca BPN não vale nada. O que pode valer é a sua rede de balcões e só interessa se for vendida “limpa”. O BPN vale pelas instalações que tem e pelas agências, porque tem bons balcões.
O Banif quer ser depositário do novo fundo do BPP. Enquanto banqueiro como é que assiste ao arrastar de um desfecho para o BPP?
Com grande tristeza, porque é muito mau para o sistema e para o país, pelo clima de desconfiança que se cria. Prejudica muito a imagem do sector. O sector financeiro foi sempre muito bem comportado, onde não havia problemas nenhuns. Quando havia alguma questão era resolvida, com tempo. De um momento para outro tudo isto começou a descambar. Primeiro foram os problemas do BCP, depois os do BPN e depois o BPP.
O BPN é mais um caso de polícia...
E era difícil que o BdP se apercebesse de determinadas situações, porque aquilo [a fraude] foi feito por profissionais, que iludiram o BdP, através, por exemplo, do Banco Insular [banco virtual].
Mas foram escritos diversos artigos e havia dados que podiam ter levado o BdP a procurar saber o que se passava. O BdP foi ingénuo?
Não tenho elementos para poder acusar o BdP. Sei que é uma instituição muito exigente.
Ao nível prudencial?
Exactamente. É muito exigente nesse aspecto. Mas é evidente que a capacidade de se esconderem as coisas também é grande. E quando se lida com pessoas com má-fé é difícil ir ao fundo das questões. No caso do BPP, o que o prejudicou mais foram os investimentos de alto risco, além do admissível, e com a situação financeira que se criou....
Acha que o BdP dá hoje garantias aos consumidores de que melhor supervisão?
Os métodos do BdP não têm muito a ver com o que se passou. Tem a haver é com as pessoas que estavam envolvidas.
Não é qualquer um que pode ser banqueiro?
Exactamente. Quando se querem fazer as coisas há sempre uma maneira de se as fazer, e em todas actividades há bons e maus intervenientes. E houve de facto situações com poucos escrúpulos, como foi o caso do BPN. Estou convencido que o dr. Oliveira e Costa montou todo aquele enredo convencido que dominava a situação mas perdeu o controlo.
Um dos impactos negativos nas contas do Banif tem que ver a imparidade relacionada com a quebra de valor das acções no Finibanco [cerca de dez por cento]. Qual é o racional de manter um aposição tão forte neste banco?
O racional, para já, é não perder o dinheiro. O facto de ser uma imparidade não quer dizer que se perca o dinheiro. A ideia, quando entrámos, era ficar um pouco à espera do que viesse a acontecer, e porque a posição também foi adquirida a um preço razoável, e de certeza que irá valorizar.
Continua a fazer sentido manter essa posição, se o Banif comprar a rede de balcões do BPN?
Aí já não fazia sentido nenhum. Nunca tive nenhuma interferência no Finibanco, e sempre foi visto como um investimento financeiro. Foi feito num momento oportuno, depois pode-se também desfazer de um momento para o outro. Seja como for, não considero que tenha sido um mau investimento.
O BdP tem desafiado os pequenos e médios bancos a juntarem-se...
É o que temos feito. E demos o pontapé de saída para isso [com a compra do Banco Mais], já o disse ao governador.
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