quinta-feira

Conflito intergeracional num Portugal doente e falido

Uma das questões candentes do nosso tempo é o da sustentabilidade da Segurança Social (SS), que envolve o tipo de contrato social entre a sociedade e o Estado e a forma como se financiam as reformas. Contudo, este mecanismo não é igual em todos os países, mas nos EUA, por ex., o conflito é, de facto, intergeracional: os idosos recebem demasiado em termos relativos através da SS e da Medicare, penalizando os jovens que não recebem o suficiente.
Significa isto que por força do actual contrato social nos EUA, os americanos idosos são o único grupo da sociedade que tem acesso a cuidados médicos universais sujeitos a taxas de serviço. Já os americanos mais jovens não dispõem deste acesso, e têm visto os seus rendimentos decrescer nos últimos anos.
Não obstante esta estagnação nas suas vidas, são também as camadas mais jovens da população que custeiam as políticas fiscais moralmente indefensáveis da presente geração.
Ora, um país que dá prioridade aos velhos, com tudo de bom que eles representam, registe-se (até porque procederam a descontos durante uma vida) em deterimento dos novos, é um país provavelmente sem grande futuro.
Um novo contrato social permitiria assim conter fundos destinados às gerações mais velhas, que são quem hoje na Europa mais recebem e usufruem das regalias sociais, e, desse modo, investir os recursos libertados em políticas públicas nas famílias mais jovens, nos seus filhos que são quem, verdadeiramente, projectam futuro e estruturam o campo de possibilidades de um país.
Com isto não se está a defender que se tire aos idosos para dar aos jovens, mas em alargar o contrato social a estes para não os penalizar tanto.
O problema nesta miserável reflexão, é que sendo ela um retrato da América de Obama dos nossos dias é também um filme dos acontecimentos das narrativas que se passam nos países da União Europeia de que Portugal é membro desde 1986. E isto tem sido da responsabilidade dos dois partidos do arco da governação que nos últimos 30 anos têm conduzido o país.
Talvez não seja despiciendo reflectir nesta problemática em vésperas de Natal.