quarta-feira

O funeral político do cavaquismo com 20 anos de atraso

Correio da Manhã

O caso das alegadas escutas a Belém foi fatal para o Presidente da República. Se em Julho deste ano a actuação de Cavaco Silva era avaliada pelos portugueses com um 15,6, em Outubro a prestação do Chefe de Estado caiu para 9,6, segundo uma sondagem CM/Aximage, efectuada entre 12 e 16 de Outubro. Curiosamente, no que se refere às preferências dos eleitores para o próximo político a ocupar o cargo de Presidente da República, Cavaco Silva consegue vantagem sobre Jorge Sampaio, António Guterres e Manuel Alegre.
A forma como o Presidente conduziu a polémica das escutas ao Palácio de Belém abalou não só a cooperação estratégica com o Governo, como está a sair cara a Cavaco Silva junto do eleitorado. A queda de seis pontos percentuais na avaliação do Chefe de Estado entre Julho e Outubro – precisamente os meses em que o caso rebentou e fez muita tinta correr –, só tem comparação com uma avaliação feita a António Guterres, enquanto primeiro-ministro e líder da presidência portuguesa da União Europeia (UE), em 2000. (..)
Obs: Pergunte-se a Cavaco e Silva se em 2010 tenciona acusar a Assembleia da República - na pessoa de Jaime Gama - de sofisticar o mecanismo das escutas do Parlamento a Belém. E em 2011 imputa igual desígnio ao Tribunal Constitucional - terminando essa roda dentada da virtual perseguição na Madeira de Alberto João Jardim. O cavaquismo já foi enterrado há 20 anos, mas ainda se fala nele, pelas piores razões, como se vê: escutas...
Mais uma invenção dos jornalistas, dirá Fernando Lima, o sacrificado.