Marcelo PSD-iza-se para ter acesso a Belém ante a desgraça de Cavaco junto dos portugueses
Marcelo Rebelo de Sousa é, consabidamente, mais conhecido como académico e comentador do que como político. De resto, nesta condição tem sido uma espécie de Pedro Santana Lopes II - da política à portuguesa, deixa as coisas a meio, não é consistente e acaba por sair da política pela porta pequena. Santana saíu da política pela janela da Figueira da Foz para aterrar em Lisboa e depois voar para S. Bento. Resultado: estatelou-se enquanto PM, foi um semestre negro em Portugal - na sequência da fuga de Durão para Bruxelas; Marcelo, além do mergulho no rio Tejo (ou no "mar", como diz a ignorante Maité proença) e de ter perdido Lisboa para Sampaio em 1989 - e de ter dirigido o Expresso e liderado o PSD durante uns tempos, teve depois de o abandonar porque Paulo Portas obrigou-o a fechar a tasquinha da Lapa - porque se tratava duma coligação tão forçada quanto contranatura - sem programa comum nem objectivo estratégico útil ao país e aos portugueses. Hoje Marcelo percebeu uma coisa comezinha: só poderá aceder à estrada de Damasco de Belém se se institucionalizar como novel líder do PSD, e é para isso que já está a trabalhar junto da sua amiga Ferreira Leite, que deverá renunciar ao cargo mas com o caminho preparado para Marcelo entrar. E entrando, nem sequer é o lugar de PM que Marcelo deseja, admitindo que o Governo de Sócrates percorre apenas 50% do mandato, mas o de Presidente da República, razão porque o comentador procurará retardar ao máximo a sua decisão, porque a sua candidatura à Lapa dependerá - não da vontade de Ferreira Leite - mas do destino político de Cavaco em Belém. Na prática, Marcelo não está à espera dos impulsos decadentes da senhora idosa que tem amolgado o PSD diante a sociedade portuguesa, mas da decisão que cavaco vier a tomar em matéria de (re)candidatura a Belém. Talvez marcelo jogue nos dois tabuleiros: se o Governo Sócrates cair antes do termo do mandato, Marcelo sempre poderá almejar ser PM; se não o conseguir e Cavaco não reunir condições para se recandidatar a Belém, e em nossa opinião não as terá por força do péssimo mandato que tem feito (parcial e persecutório ao Governo), o comentador de domingo sempre poderá sonhar com Belém. Ora, sabemos que Marcelo jamais conseguirá ser um político arguto como o é na qualidade de comentador, ainda que faça política e seja ultra-parcial nessa condição, ao invés de António Vitorino que foi a única personalidade política nacional que podendo ser PM não o quis ser. Hoje, entre outras coisas, também é comentador na RTP, mas este, pelo menos, assegura essa condição não escondendo que deseja ser actor com aspirações políticas nem, que eu tivesse notado, se comenta a si próprio evocando aquele juíz que queria julgar o filho sob pretexto de que o conhecia melhor do que um juíz imparcial. Pobre Marcelo, regressará ao comentário, once again, depois de se ter frustrado na conquista pela liderança da Lapa e, para agravar as coisas, após ter confirmado que cavaco não lhe dá espaço para uma candidatura a Belém. Pelo que a prazo temos o comentador Marcelo num desses estúdios mais frustrado e ressentido com os potugueses do que actualmente, e isso também ajuda a explicar as razões de falta de seriedade e isenção no comentário político. Já me tenho perguntado se não é desta que Marcelo também não tentará a sua sorte como treinador da selecção nacional, se as coisas ficarem pretas para Carlos Queirós...
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