sexta-feira

A clarificação necessária no PSD

A clarificação necessária no PSD, DN A clarificação no PSD é urgente. Basta ver esta incongruência: Manuela Ferreira Leite foi ontem recebida em São Bento pelo primeiro-ministro indigitado, depois de na véspera, à Comissão Política do seu partido, ter comunicado que quer cumprir o mandato até ao fim, Maio de 2010, e que não vai ser recandidata. Ou seja, a presidente do PSD encontrou-se com um primeiro-ministro que, em Maio de 2010, continuará a sê-lo, enquanto ela, nessa altura, não estará à frente da oposição. O PSD inicia, por isso, a legislatura, obviamente, fragilizado. Numa altura em que a Assembleia da República terá de discutir o Programa de Governo, aprovar o Orçamento do Estado ou abrir o processo de revisão constitucional, o maior partido da oposição é liderado por alguém que não vai, nem quer, continuar a sê-lo.
Num Parlamento sem maioria absoluta, como o que hoje toma posse, o papel da oposição é central no sistema político. Por isso, o País exige que o maior partido dessa oposição tenha uma linha política clara. Não faz pois sentido Manuela Ferreira Leite adiar aquilo que, até pelo que ela própria comunicou ao partido, é uma inevitabilidade. Prolongar a agonia da oposição é entregar o partido a um exercício de autofagia que só o prejudica e ao País.
Depois da linha política de Ferreira Leite ser derrotada nas últimas eleições, o PSD tem de definir o que quer: se aposta na continuidade ou se muda de rumo. O que não pode acontecer é hoje ter uma estratégia e daqui a seis meses outra completamente diferente. É uma questão de credibilidade. E o País precisa de um PSD forte e credível que possa ser alternativa ao PS.
Obs: É nestas alturas que Cavaco poderia ser solidário e ajudar a idosa a terminar, ou melhor, a antecipar o seu mandato com alguma dignidade e abrir as portas da praia para marcelo avançar. Mas Cavaco só interferia no jogo político na fase pré-eleitoral na esperança de ajudar a sua pupila a ser PM. Saíu tudo furado, e agora Cavaco também não tem coragem de "matar políticamente" a idosa, mas, na prática, é o que terá que ser feito. Em política, como na física, não há vazios...