terça-feira

O regresso a Agostinho da Silva

O tempo aparece agora fundido em Outubro e no Outono que nos empurra lá para trás, no outro tempo. O tempo de Agostinho da Silva, das conversas sem agenda prévia em que tudo se equacionava. Ninguém se justificava perante a história, apenas tínhamos sangue a circular nas veias e nervos a teleguiar o discurso. Hoje, provavelmente, faltam aos portugueses esse sangue, esses nervos, essa capacidade de realização, essa seriedade, essa vontade e um tremendo espírito de missão de um Vasco da Gama. A quem o passado e o futuro se sumiram perante a vida, de modo que nele avultava só um grande tempo presente que se tornava necessário atender. Hoje os portugueses têm pressa nessa satisfação, sob pena de continuarem a emigrar e a escavacar-se cá por dentro.
Então o que falta para alavancar o Mundo?!
Não será por de parte uma justificação perante a história. Convém, pois, que se faça uma troca de sinais e que passemos a querer ser grandes e generosos - como Agostinho da Silva soube ser - e a querer ser grandes, nobres e generosos não já por um padrão de passado, mas por um padrão de futuro. E é aqui que começam as dificuldades, visto que nos atemos apenas às referências do passado e daí não conseguimos levantar vôo.
Contudo, mal vai a vida e o mundo quando surgem certezas, como diria o outro que hoje anda por Belém a fazer figuras tristes, ou seja, a fazer fraca a gente forte.