quarta-feira

António Costa e Santana lopes: o novo e o velho

António Costa representa - neste mandato intercalar e com uma maioria artifical bloqueante do PSD na Assembleia Municipal - algumas características necessárias a um político no séc. XXI: funcionar com um método de trabalho, ser positivo e afirmar-se pelas obras (i)materiais (na cultura, na educação, no ambiente, no desporto), ser pragmático e envolver as populações na participação das decisões políticas que dizem respeito à cidade.
Santana Lopes vive cristalizado no passado, desde logo porque insultou várias vezes Guilherme d' Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas, ao rejeitar aquilo que os relatórios estão "carecas" de saber: que o passivo santanista abriu uma cratera na vida da cidade a ponto de a paralisar. Com a agravante de santana, após ter integrado o Governo, ter paralisado o Estado. Portanto, o erro de Lopes foi duplo e sucedeu-se no tempo a auma velocidade alucinante: deixou um buraco em Lisboa e uma péssima imagem no país.
Foi, por isso, um mau autarca e um péssimo PM, seguramente o pior da história do pós-25 de Abril. Entretanto, a srª Ferreira já mudou de ideias, cavaco também. E aquilo que fora considerado a má moeda é, hoje, por simples conveniência oportunista e hipocrisia política, uma moeda aceitável.
Costa, mesmo "teso" pelo passivo acumulado do passado recente cuja dívida tem vindo a saldar junto dos fornecedores, já fez mais pela capital do que Lopes em anos de edil e num semestre negro em S. Bento.
Eis a diferença entre ambos: Costa ainda reflecte um presente promissor e uma ideia de esperança planificada no futuro, alicerçado num conjunto de ideias que passam por rejuvenescer e equilibrar socialmente a população, tornar Lisboa numa cidade amigável e inclusiva; ambientalmente sustentável e energéticamente eficiente; uma cidade inovadora e criativa capaz de competir no contexto global, gerando riqueza e emprego; afirmando as suas identidades num mundo globalizado; criando, para o efeito, um modelo de governo da cidade eficiente, assente na participação e na sustentabilidade financeira.
De Santana Lopes vimos um traço e uma pose queixal e de aprumo da gravata que já conhecíamos de Durão barroso. É o vazio e uma ambição narcísica desmedida sem que daí resulte algum interesse comum para as populações ou para a ideia de conjunto de cidade.
É nisto que Lopes se converteu: numa pose, num vazio, num absurdo (dele próprio), um simulacro do passado...
Lisboa, teremos de convir, merece muito mais. E esse "plus" certamente não é o casuísmo, o improviso, o imediatismo e a megalomania santanista num tempo em que a cidade de Lisboa carece de políticas públicas estruturadas que remetem os interesses da cidade para um outro conjunto de valores personificados por António Costa.
Valores esses que têm a ver com o planeamento político dentro do qual emerge a previsão, o positivismo, o pragmatismo e a participação das populações nas decisões públicas, de que o Orçamento Participativo tem sido uma experiência eficiente e já com valor histórico na vida da cidade.
No fundo, a distância que medeia entre estes dois players é que Costa é portador de futuro na vida da capital; Lopes apresenta-se como a negação dele próprio numa cidade onde deseja rever-se mas em que a cidade já não lhe devolve o reflexo que deseja ter.
Há anos que aqui defendemos que o problema de Santana lopes não é político, mas metafísico e, nos últimos seis anos, configura-se com um problema psicopolítico.
De resto, se atentarmos detalhadamente no valor da imagem-supra - supondo que ouvimos o debate em of, chegaríamos a essa mesma conclusão.
Só me admirei Lopes não ter invocado o nome de Sá Carneiro, sua muleta de sempre, uma espécie de Todo-o-terreno (TT) a que o zé povinho já se habituou a desvalorizar.