terça-feira

Narrativas desesperadas: os tremeliques da Manuela

Assim que a Manela soube que meteu mais um deputado do que o PS nas europeias ficou ciclotímica (ou atómica), e agora anda pelas ruelas da Lapa animada com uma duplo sentimento de euforia e de tristeza, de contentamento e de medo no seu carrossel de esperança e desesperança. Pois sabe que o mais difícil está para vir: disputar as legislativas com Sócrates, e aqui a coisa fia mais fino.

O Rangel mesmo na Europa continua cá dentro, o conselheiro Acácio Pacheco continua a meter cerejas onde todos nós vemos caroços e a Manuela ficou febril por saber que sem papel à frente se desnorteia, sem teleponto só entra mosca ou sai asneira, as ideias não saem, as que saem são viscosas e o País fica a saber que ela é tudo menos uma líder.

É neste colete-de-forças que a srª Ferreira navega, e para fazer face a esse eco do vazio, a esse abismo do nada na antecâmara do obscuro - que lhe brota das profundezas - ela já estará a pensar em alterar as regras do jogo, como uma criança a quem roubam a boneca:

  • 1. Afinal, o Rangel, que faz tudo o que a madrinha manda, já não vai recambiado para a Europa, ele que se apresente às legislativas para combater (again) Sócrates;
  • 2. Entretanto haverá novo congresso no PSD, uma espécie de Guimarães II - em que a Manela patrocinará o Rangel a Secretário-Geral e a PM - cabendo à madrinha o papel de reserva da República, aquela que apregoa a ditadura quando estivermos fartos da democracia. No fundo, aquilo que alguns eis-ministros do Salazar pensam mas não dizem, embora se arrastem pelas fundações do salitre a repetir ideias que só servem para limpar os pavimentos alfacinhas...
  • 3. E a Manela ficará em banho maria para uma outra eventualidade: ou Belém ou Lisboa... Por Belém terá de esperar por uma abébia de Cavaco, seu mestre; por Lisboa terá de despachar o primo Santana para a Figueira da Foz novamente. Parece que há lá mais palmeiras por (ou para) plantar...
Confesso que gostaria muito de ver a Manuela a concorrer a Lisboa no quadro das autárquicas de Outubro, sempre seria uma candidata mais credível do que Santana contra António Costa.
Pelo menos Costa, o actual edil, deixaria de ter o eficiente fundamento de que com a Manuela na capital os adjectivos de megalómana, imediatista, casuísta, fazer as "coisas sobre o joelho" e de lançar o caos urbanístico na cidade, de criar um caldo de cultura propício à corrupção e ao endividamento galopante - tudo isso deixaria de fazer sentido.
Nesta conformidade, é que António Costa deveria temer o pior.
Com Santana é o pior do pior, e sem ganhos políticos para a cidade.