A morada de Agostinho da Silva: o Ser e a Liberdade na casa mágica donde se avistava mundo na vadiagem do tempo que passou
Entre uma porta com um galaró e uma lápide há uma tonelada de filosofia, de mundo, de metafísica e o mais. De quando em vez é útil recuar no tempo, que também foi a nossa própria morada, anos a fio, para avançar no futuro, e esse corsi e ricorsi do tempo que passa também nos foi dado por Agostinho da Silva, graciosamente, mesmo quando denunciava o panteísmo de Pessoa, algum milenarismo, toneladas de franciscanismo, pois nem televisão tinha - tendo para ver os telejornais que bater na porta do lado - da Maria Violante com quem via as notícias. E por vezes não havia notícias, mas havia chá e torradas. E palavras a embrulhar tudo.. A tudo isso se somava uma genialidade na arte do pensar e uma bondade ilimitada, com um incomensurável amor pela Liberdade, o valor mais importante do Homem. Agostinho foi uma pérola a cavalo dum diamante em direcção a um paraíso cuja morada ainda não nos foi completamente desvendada. E o problema é que quando a descobrirmos ou ficamos mudos ou, simplesmente, o egoísmo é tal que nada partilhamos. Mas de nada valeriam essas portas e essas lápides se, o interior dos dias, [não] tivéssemos captado a essência do Ser - que casa bem com a Liberdade de que Agostinho falou, ensinou, partilhou, cultivou e promoveu... Por vezes temos de recuar no tempo para comprar futuro. Nesse exercício defrontamo-nos com o presente que se esvai a todo o tempo. Nem os relógios lhe subsistem.
Depois nem a memória que temos deles. Por fim, simplesmente, deixa de haver memória. ______________________________
- Dedicada à memória de Agostinho da Silva, minha luz e meu amigo. Há dias assim, dias f...... Vicente Amigo - tres notas para decir te quiero
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