Sócrates, Richard Florida e Cavaco: convergências
Sócrates é um adepto das ideias de Richard Florida, o guru da economia criativa que veio revolucionar o pensamento sobre a gestão das pessoas, dos territórios e dos recursos. Portugal entrou hoje em recessão técnica, o Governador do BdP foi o mensageiro, as usual. Perante isto, dois caminhos são possíveis:
- 1. O caminho antiquado, da velha economia e da velha maneira de pensar e de fazer política ao estilo da política do sigilo do adro da igreja - no registo de Ferreira Leite;
- 2. Ou seguir o caminho duma governação aberta, inclusiva e criativa, que rompa com mentalidades e constrangimentos anquilosados - que hoje carecem de novos conceitos de desenvolvimento regional e nacional para reconstruir um Portugal criativo neste 1º quartel do séc. XXI.
Hoje a escolha para fazer um investimento é tão importante como a identificação do local para se viver e ter um projecto de vida. E se o sistema político nacional conseguir induzir Belém e S. Bento a trabalhar como nunca trabalhou até agora em Portugal, precisamente porque entrámos em recessão e há que cerrar fileiras, então também podemos estar mais esperançosos de que surgirá em Portugal essa tal classe de empresários criativa associada a uma nova capacidade de inovação que mitiga o desenvolvimento regional com o próprio desenvolvimento nacional, dando às cidades e às regiões uma energia que elas hoje não têm - e ao País - no seu tecido conjuntivo um maior crescimento, um desenvolvimento medido em poder de compra e de bem-estar económico e social que hoje também não temos.
Será isto conversa de café!? Mas a economia não é um jogo de percepções e de expectativas?!
Não é já novidade para ninguém que na economia pós-industrial o principal contributo são as ideias, o trabalho mental. O impulso humano para gerar inovação económica e criar riqueza é o passo seguinte, corolário de tudo o resto. E se assim é, e se hoje o desenvolvimento das nossas cidades e regiões exige a promoção dessas Tecnologias, Talentos e Tolerâncias - a fim de promover a inclusão, a diversidade, a abertura ao outro e também as tais empresas mais criativas - será natural que as comunidades que hoje integram o país também se sintam mais confiantes a trabalhar, a vender e a consumir num espaço sem fronteiras - com uma melhor arquitectura, um melhor ambiente, melhores paisagens e qualidade de vida onde valha a pena viver.
Com mais e melhores empregos e igualdade de oportunidades e também mais segurança e melhores equipamentos e infra-estruturas para responder às necessidades sociais.
Se Belém e S. Bento compreenderem as vantagens desta nova entente cordiale no decurso de 2009 - seguramente a economia e a sociedade portuguesas não só reagem melhor às dificuldades decorrentes duma recessão como também é ainda capaz de a surpreender - dando à economia algo que nunca lhe emprestou no passado: mandar a recessão às malvas num só trimestre.
A alternativa a isto é regressar ao velho "comboio" do Estatuto dos Açores...
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