terça-feira

Tempos difíceis: o regresso do pensamento do velho "Botas"

Com a economia nacional a crescer menos a recessão está à porta. O coveiro da economia portuguesa, Vitor Constâncio, encarregue-se de nos dizer o nome do óbito, já autopsiado e tudo: "recessão da silva". É o costume, Constâncio só não prevê o óbvio, quanto ao resto ele vê tudo através das paredes d'aço do BdP.

Mas larguemos Constâncio e centremo-nos no essencial. E o essencial é saber como vivermos em períodos de grande retracção na economia, logo de menos rendimento e com o risco social que nos poderá bater à porta. Numa palavra, teremos de saber viver com menos durante o mesmo tempo. E se conseguirmos poupar mais 10 ou 20% do que habitualmente - já é bom.

Nesta óptica, todos hoje subscreveremos o velho ditâme do "botas", António de Oliveira Salazar - de só comprarmos um fato quando tivermos dinheiro para dois.

Quanto à roupa podemos usar a do irmão mais velho. As gravatas - usam-se as antigas, pois até os "rabos de bacalhau" ciclicamente, como a malfadada economia, estão na moda. Por isso, nunca se devem mandar fora. A comida - recorre-se à soja, faz menos mal e é mais barata.

Eis algumas receitas para prosperar em tempos de crise, ou melhor, de recessão. O que só nos dará uma disciplina que hoje não temos na gestão das nossas vidas, a avaliar pelos índices de consumo sumptuário que temos mantido na última década.

Algumas empresas têm de saber vender em saldo permanentemente para os consumidores comprarem todos mais barato. É simples. O problema é conseguir fazer esse novo ajustamento da oferta com a procura sem aumentar o desemprego nem romper com equilíbrios sociais essenciais à coesão da sociedade. Se isto não ocorrer - ou aumentará a emigração ou disparará a violência como forma de algumas pessoas se "financiarem" de forma criminosa na sociedade.

E é aqui que a crise - somada à recessão - põe a nu a fraqueza e debilidade de todos nós. Evidenciando a vulnerabilidade das empresas, a desgraça individual de cada pessoa, a ineficácia das instituições sociais e económicas da dita sociedade civil para, no final, sobrar o Estado que hoje é, literalmente, o paizinho de todos nós.

De resto, se este falisse até os catedráticos ficariam desempregados, depois era vê-los fazer poesia pelas esquinas das ruas de Lisboa - tentando vender poemas que ninguém queria comprar. A crise, de facto, despe-nos e rosa-nos de vergonha. Deixa-nos impotentes e sem palavras.

Depois, quando os portugueses buscam algum conforto nos líderes da oposição o desalento ainda é maior: Ferreira leite é uma pessoa completamente inábil e destituída para a vida pública, pensa que fazer política é um jogo de intimidades entre as beatas do tempo do Eça de Queiroz, só valem as ideias ditas em segredo no ádro das igrejas. Mas no seu caso nem essas. Estar calada ou a falar - é preferível estar calada, assim muitos portugueses ainda pensam que é compostura de pessoa bem educada, ou, tão só, de uma pessoa que acabou de sair do dentista.

De Jerónimo e Louçã - hoje em guerra civil - só ouvimos desgraças, mesmo quando a economia cresce e se desenvolve. Ou seja, vivem da crise e para a crise, são ambos partidos crísicos - com filosofias de vida anti-sistema e pouco realistas para o nosso tempo. Com eles o Estado iria à falência em 72horas: o PCP comunizaria os bens do Estado pelos membros do Comité Central do PCP, e Louçã convertia o País num paraíso gay neste cantinho à beira-mar plantado. Nenhuma das soluções seria vantajosa para os tugas.

O cds de Portas privatizaria a CGD, a Educação, a Agricultura, a Segurança Social e por aí fora. Com excepção do Ministérido da Defesa Nacional (e da máquina das fotocópias...) para que o líder do Largo do Caldas pudesse continuar a brincar com os ditos aparelhos. Nem a igreja de Roma escaparia. Com Portas no poder até D. José Policarpo teria de requerer autorização especial ao mercado de capitais para proferir uma homilia na Sé de Lisboa e fumar um cigarrinho às escondidas.
Dos verdes, um apêndice do PCP, nem valerá a pena falar. Nunca foram a votos e, por isso, não têm verdadeira legitimidade democrática, senão às costas do PCP.

É óbvio que neste quadro - um pouco caricatural mas nem por isso menos realista, sobra quem?! Sócrates, obviamente. E só por rancor, ódio ou qualquer outro tipo de ressentimento conexo - é que não se poderá votar nele nas próximas eleições legislativas em Portugal.
Portugal em recessão já é um cabo dos trabalhos, Portugal em recessão e com instabilidade governativa - seria um comboio atravessado que diáriamente marcaria o ponto na Assembleia da República bloqueando a acção governativa. Cavaco conhece bem a importância desta estabilidade resultante duma maioria absoluta.
De modo que não votar em Sócrates seria fazer um apelo ao pior sentimento que existe em cada um de nós: tornarmo-nos pessoas invejosas, mesquinhas, ressabiadas, uns rancorosos corporativos, uns mal-formados.

Sócrates, apesar de algumas políticas públicas mais discutíveis e de efeito problemático conhecido, mas necessárias à onda de reformas e de modernização que impôs ao País, ainda é a menos má das soluções que hoje se deparam aos portugueses nesta crise sistémica que o mundo e a Europa hoje vivem.
Sócrates é, assim, uma espécie de hedge fund contra a incerteza galopante que vem aí.

Goste-se ou não do seu estilo, por vezes um pouco acossado (por isso nunca perdeu um debate na AR), Sócrates é o melhor trunfo político que hoje Portugal dispõe no mercado dos líderes para combater a insegurança, a crise e, doravante, a recessão que vem fazer companhia a Portugal e aos portugueses, segundo o coveiro do BdP, Constâncio: o mensageiro das "boas" novas...

Será até caso para dizer, que, doravante, quer o camarada Jerónimo, quer o trostskista-caviar Louçã - encontraram o seu "paraíso" na Terra. Tantas vezes pre-anunciaram a recessão que esta fez-lhes a vontade e, assim, até poderão mandar uns foguetes para o ar naquele ambiente de festa-negra tão anti-patriótico que define os dois partidos anti-sistema em Portugal: o PCP e o BE.