quinta-feira

O regresso de Nicolau Maquiavel: a guerrilha voltou à cidade

Bom e justo, lúcido e inteligente Maquiavel conheceu bem a condição humana. Com um relance percebia a rapina dos homens, e estando o príncipe (leia-se, os políticos em geral) necessitados de saber usar bem o animal, deveria eleger a raposa ou o leão, conforme as circunstâncias. A Europa, Portugal estão a passar momentos difíceis, momentos que comprimem as sociedades e estas entalam as pessoas nos seus modos de vida (ou não-vida), abrindo as portas para métodos e formas de poder demo-populistas sempre perigosas.
Significa isto que o País vai entrar num ciclo de turbulência psico-política - em que os vendedores de passivos, túneis, parques Mayer(s) e de outras tantas ilusões - estão de regresso à cidade. E regressam sob a forma de raposas e de leões - naquele caso para se defenderem dos lobos e conhecerem bem as armadilhas, neste para amedrontar os lobos.
Esperemos, contudo, que a capital não se converta novamente num covil de malfeitores, ilusionistas, politicos-Lexotan e de arquitectos-megalómanos que levam 2 e 3 milhões à maquete para simular o espaço e o tempo na política-espectaculo que falava Guy Débord e Rogér G.S. Se assim for, o melhor é revigorar já o Marquês de Pombal, apeá-lo da estátua - tornando-se mais fácil governar e reformar o País em ditadura, conforme o desejo de Ferreira leite - hoje a grande apoiante do menino-guerreiro, Pedro Santana Lopes.
Ela apoia, mas não fala. É uma envergonhada. Marques Mendes faz o mesmo. O que significa que além da raposa e do leão, a política às vezes é feita por "ratos".
Os ratos da política em Portugal - que não têm a coragem de dizer que apoiam aqueles que, de facto, apoiam - mas nunca dizem publicamente que apoiam (para não perderem a face que já ninguém lhes reconhece). É por causa deste tipo de personagens e de condutas que a política, ao longo dos tempos, que deveria ser a actividade mais nobre - como defendeu Aristóteles - acaba por ser um terreno pérfido, nutrido pela falsidade e pela mentira, esgalhado pela simulação e pela dissimulação - que hoje afasta os melhores da política.
Se mérito houve na confirmação de que Santana Lopes é o candidato oficial do PSD a Lisboa em 2009 foi o de ter ratificado a suspeita (fundada) de que Ferreira Leite é, como cunhou Cavaco relativamente a Lopes, a 2ª má moeda da política em Portugal.
Proponha-se, pois, o seu nome para receber a respectiva medalha a 10 de Junho de 2009 no Dia de Camões e das Comunidades.