quarta-feira

Marcelo cora quando mente. E quanto mais mente mais cora: tomata.

Sabemos que o homem em geral só não mente em três grandes contextos: quando se é criança, quando se está alcoolizado e quando o homem se encontra no teatro de guerra. Em cada um desses contextos, por razões mais ou menos óbvias, as pessoas não mentem, tendem até a ser o mais espontâneas possível. Seja por razões de ingenuidade, por falta de sobriedade ou até por questões de sobrevivência questionadas pela guerra.
Ontem vimos Marcelo - com a convicção possível - apoiar a candidatura de Santana Lopes a Lisboa - invocando a sua experiência, as suas belas ideias e o apoio das bases. A forma repescada com que o douto Marcelo dissertou sobre esse deserto de ideias foi penosa. E à medida que falava, Marcelo corava, até ficar parecido com um tomate de Almeirim esborrachado no alcatrão em pleno Verão.
Ora, sabemos que a experiência de Santana Lopes com a autarquia de Lisboa conduziu o município à bancarrota, a um passivo de muitos milhões de euros; as suas ideias foram megalómanas e desajustadas para uma Lisboa do séc. XXI, e o apoio de que santana beneficiou foi tão problemático que Ferreira leite teve de o mandar calar várias vezes - por se tratar duma candidatura extemporânea.
De modo que ouvir o argumentário de marcelo em apoio de Santana, que o comentador tem atacado por todos os lados ao longo desta última década, foi não só penoso como também uma ofensa à própria inteligência e um péssimo tributo à política, à democracia e à república. Marcelo, no fundo, branqueou os atentados de gestão financeira e urbanística em Lisboa em nome de uma "sondagocracia" - utilizando argumentos tão falsos quanto populistas para apoiar o pior ex-edil da CML do post-25 de Abril.
Em bom português: Marcelo mentia dos pés à cabeça, falava sem convicção e repescava argumentos colados a cuspo - por isso corou que nem um tomate.
Creio ter sido o momento público mais deprimente de Marcelo em toda a sua vida, seguido do mergulho no rio Tejo, em 1989.
Desconfio mesmo que se Marcelo fosse monárquico e tivesse sangue azul ficaria azulado. Como é republicano e tem sangue vermelho ficou como um frasco de ketchup.
Em resumo: Marcelo não tem tinta da china nas veias, embora desconhecesse que quando se referia a Santana a sua emoção e arte para a mentira disparassem como os termómetros de mercúrio.
Pergunte-se a Marcelo se ainda não ultrapassou o trauma de ter perdido a CML em 1989 para Sampaio.
Ainda por cima vive e vota em Cascais...
Santana, doravante, passará a integrar o "tesourinho deprimente" na vida pública de Rebelo de sousa.