Este Pê-esse-Dê: Ferreira leite, Santana e Marcelo. Uma troika incrível
Santana Lopes há meses que se vinha pondo em bicos de pés para ser ele - e não Roboredo Seara (autarca de Sintra) ou qualquer outro com o nome menos agastado - o candidato à CML. Seja pelo PSD ou como independente, se preciso fosse. Lopes, desesperado como está, estaria disposto a tudo, até a concorrer contra um novo mergulho de Marcelo no rio Tejo, ou, mais confundido, até a apresentar uma 2ª candidatura contra si mesmo - porque a amnésia é aquilo que primeiro esqueçemos.
Isto não releva para a cidade, para uma visão de futuro das políticas municipais que sejam sustentáveis para Lisboa, para os que cá vivem e nos visitam, para o País. Isto revela uma obsessão pelos cargos mais apetecíveis do aparelho de Estado e do poder local em particular. Ou seja, para Santana o poder local e as autarquias só são importantes se se tratar duma (sua) candidatura a Lisboa. É aí que as luzes da ribalta se abatem sobre o deputado do psd que anda em busca dum novo caminho para dar um sentido à sua vida. E acha que Lisboa é (ou pode ser...) esse seu novo "brinquedo".
Mas esta decisão vai contra todos os princípios e valores da actual "liderança" de Ferreira Leite, que até disse que se o nome de Santana tivesse colado no boletim de voto a srª não votaria. Pior que isto é impossível. Assim como impossível se trata de reabilitar este psd com esta gente, com esta forma populista e demagógica de fazer política, ao eleger candidatos que no passado recente provaram ser as piores opções para Lisboa (enquanto autarcas) e para o País (enquanto PM) - na sequência da fuga de Durão Barroso para Bruxelas.
De modo que Ferreira Leite ao pactuar com esta demagogia populista só porque nas sondagens aventadas Lopes é o menos mau dos piores - significa que ela não consegue dirigir autónomamenete o partido e tomar decisões que não sejam impostas pelas pressões políticas de grupos que se organizam para impôr Santana a Lisboa. Leite cedeu às sonsagens que tanto critica, pactuou com Diabo com os seus valores, vergou-se ao populismo basista do psd, jogando na lama todos os seus valores e princípios, se é que alguma vez os teve.
Pensou-se em Guimarães que Ferreira Leite iria pôr ordem na casa, ser responsável no domínio da política económica (micro e macro) neste momento de crise (e de pré-recessão em que já toda a Europa está mergulhada) e, afinal, ela própria representa a má moeda que Cavaco em tempos imputou a Santana Lopes. Assim, é impossível a srª Leite ter um score eleitoral e ser uma alternativa política credível no País.
Cavaco, doravante, e para ser coerente com a sua terminologia - também passará a dizer que a Manela Ferreira Leite representa a má moeda, ao lado de Santana, já catalogado (politicamente) por Belém.
Ferreira Leite fez uma cambalhota de 180º, diz hoje e defende o candidato que criticou violentamente de véspera, e a incoerência em política paga-se.
Roma não paga a traidores.
Neste momento - já muitos eleitores tradicionais do psd decidiram votar PS nas autárquicas, porque se lembram da experiência, das ideias e da prática política trapalhona (que Marcelo hoje elogia e que também criticou) de Santana na capital no passado recente. Este é o Marcelo-comentador do frete político, quiça já a pensar num futuro apoio às presidenciais... Numa palavra: Ferreira Leite perdeu uma grande oportunidade, mais uma, para reconhecer as suas fragilidades e entrar em contacto com a realidade nua e crua. Seria até uma forma de ela oxigenar a inteligência e superar alguns conflitos e contradições internas que hoje varrem este psd pós-Barroso.
Mas Ferreira Leite não é líder de coisa nenhuma, ela faz o que Pacheco, Aguiar-Branco ou outro lhe disser em privado que se faça. E foi isto que sucedeu no caso de Santana para Lisboa em Dezembro de 2008:
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- Um grupo de amigos de Santana (com Ferreira Leite e Marcelo incluídos...) lembrou-se que os tranquilizantes podem diminuir a agitação psiquíca do PSD, mas não produzem tranquilidade existencial, i.é, Lisboa ficararia mal servida com este personagem na capital.
Em jeito de brincadeira até já se diz que a diferença entre as Singularidades duma Rapariga Loira (conto de Eça) adaptado ao cinema por Manoel de Oliveira - e Santana Lopes - é que aquele argumento tem autor, Santana...
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