terça-feira

Banco Totta perde 16 milhões com escândalo Madoff

Banco Totta perde 16 milhões com escândalo Madoff CMVM preocupada pede dados a gestoras de activos.
Pedro Latoeiro e Tiago Figueiredo Silva
A CMVM notificou todas as gestoras de activos que operam em Portugal para responderem com urgência se estão ou não expostas aos fundos de Bernard Madoff, autor de uma fraude milionária com ramificações nos maiores bancos mundiais. A exposição directa dos fundos de investimento comercializados em Portugal é residual, mas o que preocupa o regulador é a exposição indirecta das sociedades ao esquema fraudulento de Madoff, através de produtos estruturados, por exemplo. As notificações seguiram sexta-feira.
O levantamento desta exposição é bastante complexo, já que Madoff geria dinheiro em nome de outras sociedades, ou seja, não basta rastrear as empresas do antigo presidente do Nasdaq, explicou um gestor de fundos ao Diário Económico. O fundo Fairfield, por exemplo, é um dos activos contaminados pela fraude que estava nas mãos de Madoff, apesar de pertencer a uma sociedade exterior ao grupo.
A mesma fonte adiantou que os produtos vendidos por Madoff estão direccionados para os clientes mais abastados, conhecidos por segmento ‘private’, dados os elevados montantes envolvidos, a fraca volatilidade e os ganhos constantes.
Sem especificar o que está à procura, o Banco de Portugal também fez saber que procedeu “a averiguações no sentido de apurar qual o grau de exposição do sistema bancário português decorrente do caso Madoff”. Isto apesar da banca nacional se ter apressado a informar que não tem qualquer exposição directa ou indirecta ao dinheiro gerido pelo antigo presidente do Nasdaq, com excepção do Santander Totta.
Os esclarecimentos do BCP, BPI, Banif e Banco Popular Portugal, divulgados durante a tarde de ontem, foram unânimes: “nem o banco nem os fundos por ele geridos têm qualquer exposição à empresas de Bernard Madoff”.
Fonte do BPI especificou que o Vasco da Gama, o maior fundo de ‘hedge funds’ em Portugal, não está exposto à gestão de Madoff, mas manteve posições nos fundos do investidor norte-americano até 2002.
A exposição directa da banca portuguesa reduz-se assim a 16 milhões de euros dos clientes do Santander Totta. “A exposição total de clientes a produtos vendidos pela Madoff é inferior a 0,4% dos activos geridos por sociedades do Grupo Santander Totta, isto é, cerca de 16 milhões”, informou fonte oficial da instituição.
Os produtos em causa são os fundos Santander Global, Santander Poupança Investimento, Santander Carteira Alternativa, Santander Estratégias Alternativas e o fundo de obrigações Santander Multinvest, apurou o Diário Económico.
O esquema de Madoff é fácil de explicar. Em vez de sujeitar o dinheiro às variações do mercado, o gestor pagava o retorno dos clientes com o dinheiro entregue.