segunda-feira

Orson Welles e o efeito Ferreira Leite na política portuguesa. Os marcianos estão a chegar à Torre de Belém e a retoma à Av. de Ceuta

Difundido em 1938, na rádio americana CBS - uma encenação intitulada A invasão dos marcianos. Foi aí que Orson Welles, o célebre actor e realizador de cinema, desencadeou uma onda de pânico junto de alguns dos seus ouvintes, persuadidos da iminência da chegada dos marcianos à Terra. Esta experiência de dimensões reais parecia confirmar a validade das interpretações, comprovando o poder absoluto dos media, capazes de induzir qualquer comportamento junto de um público fraco e crédulo.
Ora fraco e crédulo é hoje a clientela do PSD - que deve rondar uma ou duas dúzias de pessoas (incluindo familares e vizinhos) que apoiaram a srª Ferreira leite no famoso Congresso de Guimarães (e logo em Guimarães, fundação da nacionalidade). Consabidamente, a brincadeira de Orson Welles levou o terror (radiofónico) à América (que hoje ainda está mais aterrorizada com W.).
Neste contexto - sugiro a Marcelo que na sua próxima missa dominical vá para a RTP - paga com os impostos dos portugueses - fazer mais um número made in Orson Welles - só que em lugar de dizer que os marcianos estão quase a chegar à Torre de Belém para depois darem um mergulho no rio Tejo (para conquistar Marte e Vénus) - anuncie ao País que a sua candidata a PM é, ela própria, a srª Ferreira leite. Logo verá as "ondas de paixão", perdão, de pavor que a coisa suscitará nos tugas.
Ah, já me esquecia: ele como jurista (só pode calcular leis, decretos e regulamentos) - os materiais políticos ficam apenas reservados aos politólogos.

A Guerra dos Mundos

PS: Seria interessante a TSF meditar nesta brincadeira-lição do séc. XX - e projectá-la em novos moldes neste 1º quartel do séc. XXI. Poderia mesmo amanhã abrir a Antena dizendo que a retoma está aí, o crescimento do PIB em Portugal para 2009 é na casa dos 10% (à chinesa) rebentando com as previsões do FMI e com os receios de Teixeira dos Santos (que também deverá passar a comprar pen(s) na Fnac e não nos chineses), os salários da função pública seriam aumentados 2 pontos percentuais abaixo daquele crescimento exponencial, as exportações aumentariam para cinco vezes mais, o consumo dispararia, o preço dos combustíveis desceriam 50% - diante da descoberta duma nova fonte energética e menos poluente (a tal ponto das petrolíferas passarem a promover postas de crude nas farmácias para não se perder de vez a comercialização daquela velha energia), o país conheceria um incremento em creches e infantários (para as mamãs menos abonadas), a Saúde - além de gratuita também passaria a ter alguma qualidade (assim já não se operam pessoas ao fígado com problemas nos dedos nos pés), e toda uma variedade de indicadores socioeconómicos e culturais passariam, desse modo, a ter destaque na Antena da TSF.

Ora, como a Economia é, essencialamente, um jogo de expectativas assente na confiança poderia consolidar-se a crença de que Portugal sairia desta crise numa semana.

Enredo parece que já temos, Antena também. Agora só falta mesmo é o Marcelo agarrar no micro e encenar mais esta narrativa-velha, se bem que adaptada aos novos tempos.

Ao nosso tempo. Com sorte, talvez pegue...

E se pegar cumpre-se o sonho de Manuel João Viera, o vocalista dos Ena Pá 2000 - quando defendia que todos os portugueses deveriam ter um Lamborghini miura e poder comprar um fatinho no Conde Barão, ainda que pago a prestações...

By the way, será que João Vieira voltará a ser candidato a Belém (contra Cavaco)!?

Enfim, problemas para a República resolver antes das eleições..