O saber e as máscaras - de Maria Helena Varela Santos. Futebol dos filósofos.

Um livro bem lembrado

É daqueles livros que ficam, ainda que vocacionados para o secundário, tem a vantagem de estar organizado com alguns esquemas que facilita a exposição e a aprendizagem. Aborda a dialéctica do conhecimento, toca em Platão (essencial) e aborda a necessidade do saber como sistema, vai a Galileu - e abre a perspectiva da filosofia da ciência, depois caminha em direcção ao sr. René Descartes - que aprendi no Maria Amália com um professor do Norte que fez a Guerra colonial e ficara marcado pela vida. Lá se foi o Descartes, mas falava-se muito em guerra. Hoje, quando me lembro do Discurso do Método - o que me vem à cabeça não é Descartes, mas o tal professor, de personalidade vincada, além do sotaque inesquecível. G. Bachelard e outros também integram o book.

A recuperação deste título decorre de duas razões: uma mais substancial - que remete para o facto de o mundo actual ser mais complexo, denso, veloz e perigoso na vida das pessoas, das empresas e dos Estados. Todo o sistema internacional está hoje mais exposto, sob a realidade há imensos players a tomar decisões invisíveis, decisões essas cujas consequências só mais tarde compreendemos, e, por vezes, com elevados custos.

Daí a utilidade da filosofia, que permite afinar melhor os sistemas de pensamento. Seja no domínio do pensamento puro e abstracto, seja no domínio mais aplicado à vida das organizações económicas, às do chamado Terceiro Sector (como lhe chamou Peter Drucker), seja dos Estados.

Outra razão, mais formal, decorre do facto de ter sido uma "Ostra candente" em gestação ou em acelerado processo de abertura" (a ACS) - quem hoje teve a amabilidade de me recordar um título que já havia esquecido, mas que também enriqueceu a minha aprendizagem no Secundário. Belos tempos... Por isso é justo que estas notas lhe sejam dedicadas.

Tanto mais que hoje vivemos tempos de grande incerteza, de muitas máscaras e pouco saber... Se a filosofia servir para algo, é natural que possamos inverter o sinal da equação e dizer - que, afinal, cabe ao saber ser a mola de comando, e não a máscara que, a cada momento, adoptamos para tomar uma decisão, seja ela qual for.

Futebol dos Filósofos