Bush e Putin: as circunstâncias fazem os homens. As RI são um permanente jogo de xadrez. Lorenzo - o homem e os cavalos.
Quando dois idiotas se sentam ao volante de um Volga, de 1956, a paz [aparente] só pode ser provisória. Após a aparente paz podre sobrevem o adeus à calma no Sistema de Relações Internacionais. Já cheira à pólvora da Guerra Fria...
Costuma-se dizer que são as circunstâncias que fazem os homens. O 11 de Setembro e o terrorismo da Al Qaeda formataram o perfil político de G.W.Bush, Yeltsin abriu as portas ao ex-KGB, Putin, que agora sonha com a nostálgia do império e a recuperação do statu quo ante à queda do Muro de Berlim, que tinha a Rússia (soviética) como uma potência mundial - e, que, agora, com a inflação do petróleo e o aumento da procura global do ouro negro, reforçam essa tendência de restauração de força política de Moscovo. Além de que os povos preferem sempre um tirano ao caos. Entre essa escolha, o povo russo escolhe Putin.
A Geórgia apenas representou o toque de finados dessa paz podre, mas também poderia ser a Ucrânia, sob qualquer outro pretexto. De resto, as guerras fazem-se sob pretextos, à semelhança das discussões ao nível das relações interpessoais. De modo que a Rússia não quer que o Ocidente tenha influência no seu quintal, assim como, porventura, os EUA também não desejariam que a Rússia instalasse bases militares no México ou no Caraíbe. Já não digo em Cuba - porque já ninguém compra aquilo até que o "lagarto de Havana" bata a bota e liberte o povo de 50 anos de ditadura, de fome e de miséria, tais os resultados do socialismo e do lema castrista de revolução ou morte. A revolução trouxe a pobreza aguda, e Castro nunca mais morre. Um impasse, portanto.
Já lá vai o tempo em que Bush gozava do apoio da Rússia contra os programas nucleares Norte-Coreano (que o idiota do pcp, um tal bernardino apelida de democracia) e do Irão - o "patrão" que financia o terrorismo internacional, sobretudo contra alvos norte-americanos no mundo. Um apoio que se estendeu às tentativas de paz no Afeganistão e no Iraque, com magros resultados, consabidamente. Em troca, o ex-KGB, Putin, ficaria de mãos livres para reformar a Rússia e fazê-la evoluir para uma democracia mais à Ocidental de molde a acomodá-la no sistema de instituições do Ocidente, mormente na Organização Mundial de Comércio - que a Rússia precisa como de pão para a boca.
Entre o regresso ao arms race e a mais e melhor democracia e economia na Rússia, os EUA de G.W.Bush apostaram neste último desiderato a fim de civilizar e desenvolver a Rússia e trazê-la para o sistema de relações internacionais pacífico e desenvolvido, com mais mercado e menos conflito. Seria essa a fórmula para os dois grandes tecerem o Tratado de Paz Perpétua que Immanuel Kant havia gizado 200 anos antes - como forma para estabelecer a paz entre as nações. O resultado seria um mundo mais pacífico, estável, democrático e desenvolvido. As nações tornar-se-íam mais iguais, as democracias mais convergentes no seus sistemas de regras e de funcionamento das instituições, gostando das mesmas coisas, produzindo bens e serviços para o bem comum, e seria essa rede de relações que poria a guerra out of law. Ou seja, e na linha de pensamento de kant, as democracias não vão para a guerra.
O problema é que nesta equação de paz podre duas coisas ficaram de fora: a Rússia, de facto, não é uma democracia (rege-se por outros valores, princípios e métodos) e, por outro lado, deixou de fora a relação que Moscovo deveria ter com as chamadas ex-repúblicas da então URSS - de que a Geórgia constitui hoje o núcleo do conflito - que tende a generalizar-se entre o Ocidente e a Rússia criminosa de Putin e do seu homem-palhaço, Medvedev - o tipo que faz o trabalho sujo e que dá a cara pelo seu "patrão"..
Havendo esta zona de incerteza, existe hoje espaço para a Rússia entender que o seu quintal é - e sempre será a sua coutada, e os EUA e o Ocidente no seu conjunto entenderem que o Caucaso já não integra uma plataforma geopolítica na órbita de influência de Moscovo. E é aqui que estas duas leituras do mundo se chocam entre si. Os EUA entende que todas aquelas repúblicas são independentes e livres e nenhuma limitação à sua soberania poderá ser feita pela Rússia; esta, por seu turno, quer, a cada momento, proclamar que o seu ADN-político só assume verdadeira grandeza geopolítica se aquele dispositivo de zonas de influência, típico da Guerra Fria, se fizer sentir.
Portanto, os velhos problemas políticos regressam à mesa das negociações, revelando que apenas mudam as suas roupagens, na essência o núcleo dos problemas é imutável: os EUA - enquanto Estado - teram de lidar com um regime ditatorial. E é aqui que reside a grande diferença. Enquanto que os Estados do Ocidente actuam em ordem a preservar a segurança e a paz internacionais (com os seus interesses, naturalmente), mas calculando o interesse em vista do bem comum; o regime russo, ao invés, actua com uma lógica fragmentada, dado que não lhe interessa o bem comum nem a segurança internacional (regional), apenas lhe interessa os benefícios que a sua actuação política-militar lhe permite alcançar enquanto regime. Regime, partido, aparelho - é tudo indistinto quando tocam os sinos da guerra. São, pois, como diria Kissinger, potências revolucionárias - que procuram alterar o statu quo sempre em seu benefício, reforçando o poder dos decisores russos e do regime que servem, que os consolida ainda mais no aparelho de poder. É um ciclo vicioso a que o povo e o chamado interesse comum das populações, da economia e da sociedade - é completamente alheio.
Ou seja, enquanto que no Ocidente o critério político é o do bem comum, mesmo que isso implique penalizar os políticos de topo que implementam essas políticas; na Rússia - são primeiro os interesses privados dos políticos, leia-se do regime - que são atendidos em detrimento do bem comum. Isto significa que na Rússia não existe um conceito de interesse nacional, há sim é um interesse da classe dirigente que governa o aparelho de poder num dado momento. Putin é hoje hoje o rosto dessa mafia de Estado - que o utiliza para reforçar os interesses do regime de que ele é o fiel da balança e o seu principal beneficiário. Daí que não seja de estranhar que a Rússia restaure relações antigas, sobretudo com o Irão e a Coreia do Norte - tradicionais inimigos dos EUA - para fazer face ao endurecimento da NATO para com a Rússia, com vista ao seu isolamento internacional. É o velho balance of power a funcionar, como ensinou o velho Hans Morgenthau com o seu Politics Among Nations.
Os resultados de tudo isto são inesperados e convocam tensões no sistema e uma afectação dos recursos financeiros para mais e mais gastos em acções militares ofensivas, e nas demonstrações de força terrestre, aérea e marítima que são sempre planeadas a fim de que a ameaça exerça, mais uma vez, o seu papel na história das relações internacionais. Uma história escrita a sangue - como hoje se comprova pela miserável e criminosa ocupação ilegal da Geórgia pela Rússia mafiosa de Putin.
Será que é esta a Nova Rússia que Putin falava? E a Túrquia - que já integra a NATO (assim como a Grécia) - mas que deseja também integrar a UE - ao tomar parte ao lado da Rússia nesta chacina à Geórgia - não estará ela (?) - com uma perna na Ásia e outra no Ocidente - a comprometer todos os seus esforços politico-diplomáticos para ser aceite na União Europeia?!
É óbvio que sim, e a UE deverá tomar isso em consideração, ainda que a Europa seja hoje dirigida por um ex-maoista, portanto nunca se sabe para que lado olha hoje a Europa. Há quem diga que se encontra cega e sem estratégia. E o mais grave é que é verdade.
Teremos hoje todos de pensar nas lições da Conferência de Yalta, em 1945, Winston Churchil disse tudo o que havia a dizer acerca da natureza pérfida, expansionista e até criminosa do império soviético - de que Putin é hoje um inevitável herdeiro. Contudo, o problema hoje é duplo: na Europa estão os piores líderes de sempre, políticos oportunistas e sem visão de futuro, de que Durão é, consabidamente, um triste exemplo de traição a Portugal; depois também já não temos memória. E um homem sem memória é também um homem sem futuro.
A NATO já devia estar às portas de Gori, de pouco lhe servirá instalar uma base de mísseis na Polónia - supostamente apontados para o Irão...
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O EFEITO CAMARGUE E A RELAÇÃO DO HOMEM COM OS SEUS CAVALOS. PARA DESCONGESTIONAR ENTRE UMA NOVA GUERRA FRIA EM EMERGÊNCIA E UM ACIDENTE DE AVIÃO - COM MILHARES DE CAVALOS NO CHÃO REDUZIDOS A CINZAS PELO EFEITO DE COMBUSTÃO. ANDAR DE AVIÃO AINDA CONTINUA A SER SEGURO..., MAS É PARA OS QUE FICAM EM TERRA!!!
Lorenzo National Horse Show
LORENZO THE FLYING FRENCH MAN
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