domingo

A psicologia do criminoso

O criminoso viaja entre dois mundos que o perseguem: a escolha duma forma ilícita de ganhar a vida, esbulhando bens alheios; e a aventura motorizada a adrenalina que o faz reincidir vezes sem conta na vida do crime e na embriaguez da vertigem que a própria tensão do crime lhe proporciona. Naquele mundo arranja meios para pagar as contas e viver sem trabalhar, e ainda pagar o consumo de droga e outros vícios (se os tiver); neste mundo alimenta o ego com speeds de adrenalina que o mantém vivo e faz acreditar que tem um projecto de vida. Todos os pequenos, médios e até grandes criminosos - que buscam acção nas zonas comerciais, no meio nocturno, na prostituição, nas casas de jogo e conexos - encontram aí uma razão para a sua existência e até para o seu espectáculo que, por sua vez, alimenta os seus sonhos que acabam por reviver no quotidiano. Mas o ponto é este: se o crime compensou nessa noite, se a golpada funcionou - o criminoso tende a ser o rei-da-noite, é ele quem paga a conta da diversão. E em poucos dias acaba por estoirar o resultado da "colheita" - que foi esbulhado à sua vítima inocente - com mais ou menos violência. Depois de um retiro, breve, sobrevéem os vícios novamente, o deboche de droga, alcóol e sexo. Não necessáriamente por esta ordem.
Numa palavra: hoje as condições de vida nas sociedades europeias, em resultado de factores socio-económicos conhecidos, estrangulam a vida das pessoas, e é nesse colete-de-forças que algumas dessas pessoas - já com pré-disposição e antecedentes para a prática do crime - vêem aí o empurrãozinho que faltava para transformarem esse pesadelo num way of living, como quem vende cenouras na praça. É assim, em termos genéricos, que funciona a mente do criminoso, e após um breve retiro, um pequeno repouso - os criminoso regressam às novas transações no mercado que vão conhecendo com algumas intermitências.
Que alternam com o sol aos quadradinhos e uns suspiros de liberdade. O crime não compensa, nunca compensou. E viver sem trabalhar é o sonho de todo o mundo.
Até dos criminosos...
DD