domingo

"Buscas feitas pela PSP à PJ". Acção que só credibiliza quem as faz e re-responsabiliza quem é alvo delas...

Buscas feitas pela PSP à PJ, in Expresso
Pinto Monteiro lembra que "não há ninguém acima da lei"
O Expresso revela hoje que a PSP descobriu um caso de espionagem que incluía agentes da PSP, PJ, funcionários de operadoras de telemóveis e detectives privados. Sem querer comentar as investigações, o Procurador - Geral da República diz que a lei vale para todos.
15:12 Sábado, 5 de Jul de 2008 O Procurador-Geral da República (PGR), Pinto Monteiro, reafirmou hoje que "ninguém está acima da Lei" e que todas as pessoas podem ser investigadas. O magistrado referia-se ao facto da Polícia de Segurança Pública ter feito buscas na Polícia Judiciária, na sequência de uma investigação sobre espionagem. No entanto, não quis comentar "as investigações em curso".
O Expresso revelou este sábado que a PSP descobriu ligações perigosas entre inspectores da PJ, agentes da PSP, funcionários de operadoras de telemóveis e detectives privados, no âmbito de uma rede de espionagem utilizada para devassa da vida privada.
Para Pinto Monteiro, "num país onde tudo é investigado, deve concluir-se que o sentimento de impunidade, que por vezes existia, tende a acabar". O responsável máximo do Ministério Público falava no fim de um seminário sobre corrupção, em Viseu.
"Isto só elogia a justiça portuguesa", considerou. Dentro de dias, "vai será aprovada, na Assembleia da República (AR), uma lei no sentido do Ministério Público poder inspeccionar as polícias de investigação criminal", lembrou.
"É algo que reivindico desde que tomei posse e que penso que finalmente será aprovado. Ser polícia não isenta de uma investigação, pois não há ninguém acima da lei no país", alegou.
Obs: Em abono da verdade, o PGR, o dr. Pinto Monteiro tem tido a coragem e determinação de pautar o seu mandato pela pró-actividade e, nessa medida, desencadear investigações sobre áreas, instituições e personalidades da sociedade que antes estavam mais ou menos imunes a esse tipo de investigação. Comparar este PGR a Souto Moura é como comparar o dia e a noite. Nessa medida, o saldo é, para já, positivo em matéria de política de investigação seguida pela PGR. Se o saldo é positivo em matéria de política geral, os detalhes também reforçam a credibilidade das intenções da PGR em mandar investigar todo o tipo de crime - mesmo que ele interligue alegados polícias, elementos da PJ, operadores de telemóveis e, qui ça, meros empregados de mesa de restaurantes lisboetas - que operavam todos em "alcateia" para um fim - comum - criminoso. O objectivo dessa rede era a prática de crimes vários, alguns dos quais implicavam a "devassa da vida privada".
Mas como não há crimes perfeitos, e há sempre polícias melhores do que outros, ou seja, que são incorruptíveis (assim como operadores de telemóveis, elementos da judiciária, etc) - mais cedo ou mais tarde - esse bando de criminosos - que opera no espaço público (muitos deles envolvendo mulheres portugueses - sendo os cabeçilhas de nacionalidade brasileira e do leste) - a rede é desmontada e vai tudo parar à cadeia. Alguns brasileiros caem nas mãos do SEF, são recambiados à procedência...
Com efeito, razão tem Pinto Monteiro ao fazer o que faz, até porque o problema criminal actualmente em Portugal está demasiado imbricado na trama da nossa vida quotidiana para poder ser combatido através de meios simples, brutais ou expeditos.
A novidade aqui é a intervenção dos elementos que operam nas empresas de telemóveis. A sociedade mais vigilante cá estará para eliminar essas ervas daninhas do convívio daqueles que vivem e sabem viver segundo valores e normas de respeito pelo próximo e pelos seus bens.
Alguns desses potenciais criminosos actual já pela Net. Diáriamente tentam seduzir e enganar terceiros com mails devidamente enquadrados e procurando oferecer serviços vários - que não existem - na esperança de conseguir lesar terceiros. Portanto, também aqui, a regra é só uma: não responder mas estar vigilante.
Quanto à PSP - que descobriu este rede de espionagem, uma palavra de reconhecimento e de louvor, pois nos últimos meses a sua acção tem-se saldado por acções de grande eficácia. E a isso não deverá ser alheio o Comando Metropolitano de Lisboa e, porventura, à Divisão de Investigação Criminal.
Esperemos, doravante, que amanhã a notícias não apontem na direcção inversa, e seja a PJ a investigar a outras polícias, pois umas e outras existem com outra finalidade na sociedade, que não a de se vigiarem e investigarem umas às outras.
Uma coisa é certa: os delinquentes, e os criminosos em geral reincidem vezes sem conta, não apenas pelos ganhos materiais que extraem das suas acções criminosas, mas porque dependem psicológicamente da embriaguez dessa vertigem que gera neles a adrenalina suficiente que os impele ao crime, e que, afinal, os acaba por compensar (temporáriamente).