domingo

Marcelo governante!!! O bloco-central da análise. Mas que grande brincalhão...

O douto Marcelo hoje teceu elogios a Sócrates e a MFleite. Viu os dois em diferido e gostou de ambos. Explicou que Sócrates quererá continuar a ser PM, segundo a ideia de que não se muda de timoneiro no meio da remada; e que MFL procurará reconhecer que não terá hipótese alguma de sentar-se no cadeirão de S. Bento, mas que, pelo menos, não é mentirosa. Brilhante esta análise!!!
Mas das duas entrevistas Sócrates esteve melhor, disse o comentador. Porque contabilizou mais uns milhares de telespectadores, segundo o critério a pataco de Marcelo. Também foi interessante esta fundamentação perante um Sócrates mais acolhedor.
Em matéria de política de investimentos públicos criticou ambos - Sócrates e MFL: aquele porque acha excessivo que o TGV seja uma prioridade para o país (mantendo o aeroporto internacional de Lisboa); esta, porque se o Estado não injectar capital e motivação na economia - todos ficamos magrinhos, depauperados, esqueléticos - como a dama-de-ferro, hoje locatária da Lapa. Esta análise mix de micro-macroeconomia também é brilhante da parte de Marcelo. Uma espécie de bloco central da análise, desde que se deixe cair o TGV - exterminando com os resquícios do barrosismo em matéria de política de investimentos de obras públicas.
Mas o melhor estava para vir da parte do comentador da Costa do Sol, que hoje estava contidamente crispado. Depois de ter dito que MFLeite não tem ideia concreta acerca de nenhuma coisa em particular, e deu o exemplo de não se lhe conhecer medida alguma de combate à pobreza, e que não pode guardar o anúncio dessas medidas sociais para 2009, ano de eleições legislativas, o comentador que "quer ser governante" (só para desprezar o ministro da Agricultura!!! meu Deus, até onde vai a soberba de Marcelo...) - lá acabou por dizer na sua missinha domingueira que concordava com a líder do psd. Mesmo que esta não tenha programa social definido nem programadas as suas medidas de combate aos problemas sociais do País.
Ou seja, Marcelo concorda com nada, porque nada é aquilo que hoje tem MFleite em matéria de programa político. Feito de meia dúzia de generalidades e lugares-comuns...
É um poço de coerência intelectual e política este Marcelo!!!
Quando tenho a pachorra de o ouvir fico sempre com a convicção de duas coisas: quem não sabe ensina; quem sabe faz. A outra coisa é que Deus nos livre de um dia o comentador regressar à política activa. "Ser governante", como ele diz... Deve ser de um governo liderado por santana Lopes, na semana do 17 dias.
Marcelo que pense bem antes de se candidatar a qualquer coisa: a avaliar pelo "histórico", o homem nem a Câmara Municipal de Cascais conseguiria ganhar se concorresse contra António capucho na sua terra, quanto mais ser governante de um governo de santana Lopes num tempo que já lá vai.
Para esgotar a plenitude da sua coerência intelectual e política, tal como fazia com MMendes quando lhe atribuía 16 valores (quando tudo corria mal ao então líder do psd) - ainda pensei que, apreciando o comentador as duas entrevistas da semana (a de Sócrates e a de MFl) - atribuísse ao PM um 18 (porque teve mais uns milhares de telespectadores, bem entendido!!!) e a à srª leite um 16, só para ombrear com MMendes.
Se fosse o ministro da Agricultura, confesso, dizia ao comentador aquilo que este chamou a Francisco Pinto Balsemão - "lé-lé da cuca", tendo depois de lhe pedir desculpa.
PS: O comentador da Costa-do-Sol referiu que um governante está noutro plano e não deve comentar o próprio comentador. Até certo ponto, em função da natureza do ataque pessoal (ou político), terá razão. Embora Marcelo tenha feito um ataque pessoal ao ministro da Agricultura, e não um ataque político, de resto impróprio - em ambos os casos - por parte de um comentador que se quer sério, objectivo, independente e o mais imparcial possível.
Creio que o país nunca testemunhou isso da parte dos comentadores da outra área política. Pelo menos com tanta contundência. Alguém está a ver, por exemplo, António Vitorino chamar de "nulidade" ou "inexistente" aos ex-ministros do PSD, ou mesmo ao partido da Lapa quando este conheceu por política geral o estabelecimento duma aliança tão artificial quanto contra-natura com o "partido do táxi", o cds de Paulinho Portas - que este acabou por triturar - triturando também o próprio Marcelo da vida política activa em Portugal antes da dobra do milénio!? Ninguém, certamente.
Mas, por outro lado, pergunto-me se o papel do analista é o de se colocar activamente ao lado de organizações de agricultores para atacar pessoalmente um ministro!?
E amanhã, quem sabe, quando (e se) eclodirem mais greves no país (agricultores, taxistas, camionistas) - Marcelo estará lá, na grade-de-discos do tactor, na bagageira do táxi ou na cabine do camião enviando farpas e molotoves ao Ministro da Administração Interna (e às polícias em geral) a quem cabe a contenção e a observação da lei na manutenção da ordem pública.
É óbvio que Marcelo faz o que faz, porque muitas das vezes se esquece do seu papel de comentador - morrendo aí a sua isenção, rigor e imparcialidade (devidas) a um analista sério - para vestir a pele do político frustrado que sempre foi - na medida em que nunca conseguiu ganhar nada. Nem a CML após um mergulho ridículo no rio Tejo. Tudo isso, de tempos a tempo, de congresso em congresso, Santana lopes lhe recorda, o que agrava ainda mais o trauma (sempre latente) em Marcelo.
Numa palavra: dada a dualidade de papéis e o confusionismo a que o comentador da Costa do Sol não raro incorre, pergunto-me se ele quando está lá nas suas aulas de Direito também diz aos seus alunos que desejaria ardentemente ser Primeiro-Ministro de Portugal. Ou, na impossibilidade de ocupar a cadeira de S.Bento, ir para Belém.
Ou nem uma coisa nem outra, restando-lhe fazer o que faz: umas vezes comentário político, outras vezes ataques pessoais.
Proponha-se o seu nome para candidato ao Nóbel de melhor franco-atirador. Algum dia ganhará...