segunda-feira

Diogo Infante: acting is a mystery...

Há dias Diogo Infante demitiu-se de director artístico do Teatro Municipal Maria Matos. Parece que se dá mal com falta de verba, e como a imaginação não é muita a escapatória que encontrou foi a demissão. Se os 10 milhões de tugas seguissem o exemplo do rapaz emigrariam todos e Portugal ficaria deserto.
Ou seja, Infante, alí à direita na imagem agarrado ao miúdo, não aguentou a pressão da crise orçamental que, aliás, tolhe tudo e todos. Provavelmente, ele desejaria um regime de excepção só para ele, com bolinhas amarelas e pintinhas azúis. Isto não obsta a que tenha conseguido estruturar uma programação cultural interessante que não serviu apenas um público mais elitista, mas atingiu públicos mais comuns. E isto é um crédito dele e dos que com ele trabalharam.
Mas a questão nuclear, porventura, é outra, bem outra!!! Ou seja, Diogo sabe que tem um palmo de cara, é um profissional da representação querido pelos portugueses, ou alguns deles. Em boa parte por mérito próprio, mas também pela rede clientelar de amigos influentes que influenciam - directa e indirectamente - a opinião pública - e publicada - nas chamadas revistas côr-de-rosa. E essa aura faz com que ele interiorize a ideia de que o Teatro Municipal Maria Matos passou a ser pequeno demais para ele, que passou a ter maiores ambições, sonhos mais poderosos, o que o levou a querer voar mais alto. É uma lei da vida.
Mas é aqui que se coloca um problema: Infante sabe representar, também demonstrou alguma capacidade de programação cultural, mas isso não lhe dá, automáticamente, a capacidade de conseguir gerir com eficácia um Teatro como o Dona Maria - para o qual acabara de ser nomeado. Falta-lhe experiência, saber e até capacidade de gestão cultural, sobretudo quando Infante justificou a sua demissão do Maria Matos por redução de verbas que, a qualquer momento, se poderão colocar ao nível do ministério da Cultura.
Daqui nos perguntamos: e amanhã, quando Pinto Ribeiro disser ao menino Diogo que irá sofrer um corte orçamental de x % no financiamento ao Teatro Nacional - será que o rapaz se demite?!
Se for coerente e sério, demite-se; caso contrário, ficará demonstrada a sua vaidade, caindo aasim por terra as falácias associadas às intenções que estiveram na base da sua verdadeira demissão do Maria Matos - que ajudou a recuperar desde 2006.
Por último, ficaria bem ao menino Diogo - que sob a capa daquela falsa humildade que ostenta na caixa negra - revelasse maior gratidão à Câmara Municipal de Lisboa - em particular à Egeac - que durante dois anos lhe pagou um bom salário para ele, sem qualquer experiência como programador cultural, e a alguns amiguinhos, andarem a brincar aos teatros, às cores e aos jogos de luzes e sombras com o erário público dos munícipes da Capital.
Mas o que o diogo quer é voar alto, mesmo sem nunca se ter perguntado se se acha competente para gerir o Teatro Nacional. Nem sempre um bom actor dá um gestor cultural qualificado.
O menino Diogo deveria saber que acting is a mistery, - governing the public space - também. Mas ele só sabe fazer bem uma das coisas...