sexta-feira

Alípio Ribeiro: uma nódoa...

Alípio Ribeiro - ex-director nacional da PJ - ao ter admitido a "precipitação" em constituir arguidos os pais de Madeleine McCann pelo desaparecimento da filha na Praia da Luz, escavacou o conjunto da investigação. De resto, as declarações deste homem, tão inseguro quanto incompetente, que falava baixinho na esperança de que ninguém o ouvisse, foram várias vezes exploradas pelos advogados dos pais da menina e dos advogados dos outros arguídos no processo.
Depois tudo fez para que o inspector Gonçalo Amaral, que agora editou um livro para repor a sua dignidade e o seu bom nome, fosse corrido, o que aconteceu. Por Alípio Ribeiro tudo de errado foi pensado, e se houve arquivamento deste mediático processo - que será um crime sem castigo, a ele se deve. Agora, tem a lata de criticar a actual direcção da PJ (competente e discreta) - que, entretanto, lhe recordou que não ficou conhecido própriamente como um "bom investigador".
Ou seja, Alípio Ribeiro foi "segurado" indevidamente várias vezes no cargo de director nacional da PJ pelo ministro da Justiça, Alberto Costa, o tal que dizia ao tempo de Guterres "que este não era o meu ministério". Outro que tal...
Agora, caído do céu, e numa aparição extra-terrestre na Sic - Jorge Sampaio também entrou em cena em defesa da corporação e, indirectamente, daqueles investigadores que defendiam a exploração de outras pistas investigatórias - quando esteve calado nos últimos 14 meses. Se calhar já deveria ter falado antes... Mas com Sampaio é tudo ao retardador, como os motores a dois tempos, sem válvulas de ignição por faísca, além de mais poluentes.
Ora, a PJ não era, objectivamente, o lugar para Alípio exteriorizar as suas inseguranças e incompetências, dúvidas, desabafos e incertezas impedindo quem no quadro da investigação poderia fazê-la progredir em boa direcção.
Tudo visto e somado Alípio Ribeiro deveria ficar calado para a próxima década. Falando converteu-se naquilo que sempre foi: uma nódoa que, entretanto, se converteu numa mancha.
E é pena porque a PJ tem tido bons directores nacionais ao longo dos tempos.