Manuela Ferreira até património conseguiu vender. O embuste social democrata saído de Guimarães
FAMÍLIA FORSYTH À PORTUGUESA
No XXXI Congresso do PSD em Guimarães só uma certeza ficou patente: Santana Lopes ficou técnica e políticamente desempregado e agora é que terá mesmo que andar por aí. Mas o desiderato daquele congresso não entronizou apenas Ferreira Leite, serviu também para recuperar a memória fatídica daquela família política, perceber o estado da sua espinal medula e descobrir, afinal, que algumas "pilhas" têm que morrer para que a regeneração ocorra. Regeneração feita de caras velhas, velhas caras do passado. Eis o grave problema do psd, não se consegue regenerar efectivamente, apenas entra em processo de recauchutagem. Porventura, a secagem política de cavaco na década de 90 contribuiu sériamente para esse bloqueio que o partido hoje se ressente.
Durão Barroso abandonou o governo pela Europa, Santana tem um perfil errático e não revelou preparação técnica e política para o exercício do cargo de PM legado [monárquicamente] por aquele, gerando uma frustração tão previsível quanto terrível nos portugueses, e Manuela Ferreira Leite esteve sempre por alí, nas margens. Seja enquanto colaboradora de Cavaco, na década de 90, ou secretária do Orçamento de Durão e depois sua ministra das Finanças (2004). Pelo meio foi a desgraça que se conhece no ministério da Educação - onde nenhuma reforma fez, apenas exames nacionais gratuitos desencadeando uma forte contestação dos professores, dos alunos e dos sindicatos que conduziu à maior taxa de deserção escolar conhecida em Portugal desde o 25 de Abril.
Como responsável do Orçamento deveria ter travado múltiplas derrapagens financeiras das obras públicas realizadas no seu tempo. Não o fez, pactuou com esses grandes investimentos públicos que ora, cínica e hipócritamente, critica apenas para congregar os militantes do psd, mas a sociedade não é parva. Aí não teve preocupações de contenção orçamental nem se referiu aos desempregados, aos desvalidos e aos marginais da sociedade. Vendeu património do Estado para gerar alguma receitasinha ao Estado e, desse modo, equilibrar (artificialmente) o defice da sua obsessão - em nome do qual governou. E com que resultados?!
Aquele Congresso de Guimarães do psd - sem alma nem chama - espelha, afinal, o princípio do fim. Até os militantes do psd o sabem, por isso o afirmam e reafirmam, e não são poucos aqueles que hoje reiteram a sua renovação de confiança política em Sócrates, apesar das dificuldades acrescidas impostas pela alta do petróleo.
A senhora não baixou a despesa pública ao tempo de Durão, antes estrangulou milhares e milhares de empresas que ficaram limitadas no seu campo de acção e muitas delas abriram falência, agora fala em apoiá-las!!! Que nome é que isto tem a não ser oportunismo partidário em vésperas de eleições!!
O expediente do Pagamento Especial por Conta (PEC) abriu muitas fissuras e desigualdades relativas entre pequenos e médios empresários na sua relação com o fisco. Na prática, a madrinha de António Preto (ainda hoje deputado do psd acusado de corrupção e mantido na Assembleia da República por Marques Mendes), é - antes e agora - acusada de ser um agente político ao serviço dos ricos e do grande capital. Talvez por isso o "camarada" Jerónimo de Sousa do PCP, na sua velha cacete pirata herdada de Cunhal, diga que entre PSD e PS não há diferenças (talvez as mesmas que existem entre o PCP e o BE!!!).
A única diferença em relação a Ferreira leite é que antes ela fazia-o enquanto ministro das Finanças - hoje tenta fazê-lo na qualidade de líder do psd e candidata a PM, mas com os mesmos resultados: ludibriar o povo português. É uma espécie de mentira a duas velocidades: quando está no poder e na oposição. E é a isto que o panfletário e ex-maoista Pacheco Pereira denomina de "credibilidade" e de "cara lavada".
Ferreira leite é, afinal, um poço de contradições: diz querer fazer tudo aquilo que no passado recente, nas mais vitais funções do Estado (secretária de Estado do Orçamento e ministra das Finanças) nunca defendeu nem sonhou um dia vir a defender. E esta preocupação com o "social" só pode encontrar uma explicação plausível: a srª Leite deve estar já a pensar na vida socioprofissional dos seus netinhos, não nos portugueses. Tudo nela, lamentavelmente, sôa a ridículo e falso, daí o embuste que representa.
Mas se atentarmos bem na sua performance política não é bem ela que está em avaliação, mas a família política a que pertence, e a actuação política daqueles que comandaram o psd no passado recente. Toda a consequência tem a sua causa, e Leite não passa de mais um elo dessa complexa engrenagem de tentativa desesperada de captura de poder para satisfazer as hostes que há muito está afastada da manjedoura do Orçamento de Estado. A presença no XXXI Congresso de Guimarães de José Luís Arnaut, para citar um exemplo gritante, reflecte bem esse espírito de parasitismo na política partidária em Portugal.
Por tudo isto, Ferreira leite representa a crónica duma morte anunciada. Ela sabe-o, milhares de militantes também. Talvez o seu desígnio seja contribuir, ainda que modestamente, para tirar a maioria absoluta a Sócrates. Mas, de facto, a aparição de Ferreira leite pelas estreitas ruas da Lapa espelha apenas a colocação de algumas pilhas carregadas com o sol da varanda para que não morram todos na praia, ante o crescimento nas sondagens do BE e do PCP - sem nenhum benefício para a nação.
Temos de convir que a regeneração política feita no psd com caras velhas e velhas caras do passado no - soit-disant - maior partido político nacional é, no mínimo, problemática e etáriamente um flop.
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DEDICAMOS ESTE JEROME MURAT A FERREIRA LEITE - PARA VER A FIGURA QUE ANDA A FAZER - ANTES E DEPOIS - DE TER SIDO MINISTRA DAS FINANÇAS DE DURÃO.
- The Best Magic Performance Jerome Murat -
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